segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tablóides x Scotland Yard : a mesma lama.





Quando algum poderoso -político ou econômico- toma uma decisão drástica, radical e que afeta seus próprios lucros, pode anotar: não existe nenhuma grandeza no ato. Ele está oferecendo os anéis para salvar os dedos.
Este tipo de gente não tem decência, nem grandeza.

Foi o que aconteceu alguns dias atrás quando o australiano e magnata da imprensa Rupert Murdoch resolveu fechar o News of the World, tablóide de escândalo que vendia quase 3 milhões de exemplares por semana, na Inglaterra.
Um jornal de 168 anos de existência não é fechado por conta de um escândalo!!!

Os jornalistas, numa nojeira sem fim e com auxílio dos investigadores, grampearam os telefones de todo mundo que poderia render escândalo e aumentar as vendas dos jornais.
De parentes de soldados mortos no Iraque, vítimas de assassinatos,etc.
Até do padre da paróquia da Praia da Luz, em Portugal, lugar onde desapareceu em 2007 a inglesinha de 3 anos, Madeleine McCann, num crime até hoje não resolvido.

A reportagem do New York Times de ontem dá uma pista sobre as questões que estão apenas começando.

Até o porta voz do Primeiro Ministro inglês foi preso.
A Scotland Yard, que nós tanto admiramos na literatura e no cinema, por sua eficiência e honradez chafurda na mesma lama dos tablóides, numa mistura inusitada.
Já tinha passado maus momentos no caso do brasileiro Jean Charles, fuzilado no metrô de Londres, desarmado e sem reação, pelo tenebroso crime de parecer fisicamente com um árabe.
Anos de inquérito e os eficientes policiais que o mataram foram promovidos e premiados, certamente porque evitaram que a pecha de incompetente subisse a mais altos escalões.

O que mais impressiona no artigo do NYT é a enorme promiscuidade entre os tablóides e a Scotland Yard. Funcionários que vivem mudando de emprego de um lado para outro, e ganhando bônus inexplicáveis.

Em alguma lista dos livros mais vendidos, da revista VEJA no ano de 2050, estará um best-seller contando esta tenebrosa história.

É irmã gêmea da promiscuidade do mundo econômico.
Filmes como " Inside Job "e o documentário da HBO "Grande demais para falir" levantam uma ponta do véu do que deveria ser o maior tema do mundo atual, pois metade da turbulência financeira que vivemos é culpa dele.

Muitos países, inclusive o Brasil, os dirigentes das grandes decisões financeiras -que nos afetam a todos por décadas- são ex-funcionários de grandes bancos que tomam resoluções absurdas, como a desregulamentação bancária patrocinada pelos governos Reagan, Clinton,etc.
E o que acontece quando acabam os governos?
Eles voltam a ser funcionários graduados e milionários daquelas mesmas instituições que beneficiaram enquanto estavam no governo.

Mas esta não é a nossa história de hoje.

O link do artigo do New York Times está abaixo :


P.S. : Rupert Murdoch, além de dono do News of the World, é dono de grandes jornais por todo o mundo, da Sky, da Direct TV, da rede Fox. Tentou, mas ainda não conseguiu, comprar o New York Times. Grande acionista da General Motors.
Cada vez que você pensar que está lendo alguma matéria de uma imprensa livre, pense 2 vezes. Murdoch pode estar por trás... da imprensa e de você. kkk