"Há de vir un Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio.
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que hão de me lembrar de modo menos nítido.
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo.
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido.
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro.
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo.
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido.
Há de vir um natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito."
no livro
Um monumento de palavras, 1996