sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A solidão e sua porta





Carlos Pena Filho 

A Solidão e Sua Porta 
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar 
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha 
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
Arquitetar na sombra a despedida 
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.