nalgum lugar em que eu nunca estive,
alegremente além
de qualquer experiência,
de qualquer experiência,
teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil
há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar
ou que eu não ouso tocar
porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar
teu mais ligeiro olhar
facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado
como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala
me abres sempre pétala
por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,
(tocando sutilmente,
misteriosamente) a sua primeira rosa
ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente,
de repente,
assim como o coração
assim como o coração
desta flor imagina
a neve cuidadosamente
a neve cuidadosamente
descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber
neste universo iguala
o poder de tua imensa
o poder de tua imensa
fragilidade: cuja textura
compele-me com
compele-me com
a cor de seus continentes,
restituindo a morte
restituindo a morte
e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda
que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,
ninguém, nem mesmo a chuva,
tem mãos tão pequenas
Tradução. Augusto de Campos
Eu: infelizmente, por uma questão de estética e do tamanho das letras de um blog, tive que mudar os espaços e as linhas do belo poema.