"Cave no peito uma cave
Depois escave a ferida
Rota na popa da nave
E beba o sangue da vida.
Faça da dor rubro sumo
Da mágoa um sinal extinto
Beba de pé e de prumo
Um tanque de vinho tinto.
Depois dê asas ao vento
Que a vida não vale um pinto.
Amor: risada do tempo.
Verdade: é tudo que minto.
A vida é sombra: mais nada.
Gota no mar, labirinto.
E a idéia mais elevada
Não vale meu vinho tinto.
Porto de Galinhas, 23 de junho de 1998.
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