o amor quer abraçar e não pode.
a multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
o amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
o amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
tudo manhã,
tudo truque,
engenho:
é descuidar,
o amor te pega,
te come,
te molha todo.
mas água o amor não é.
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