A Batalha de Argel, 1966, foi um projeto que poderia ter se chamado Nascido para dar errado.
Um filme financiado pelo governo esquerdista da Argélia para exaltar a sua justa guerra de libertação do colonialismo francês.
Atores não profissionais.
Gillo Pontecorvo era um diretor italiano de médio porte, com tendências esquerdistas, que depois fez outro clássico, Queimada.
O resultado foi muito além do esperado e o filme está em todas as listas como dos melhores filmes da história.
Estruturando de maneira não muito rígida e dogmática "os do bem e os do mal ", mostra um bairro pobre de Argel se rebelando contra os seus opressores.
A música de Morricone é soberba.
Brahim Hadjadj é o ator principal, como Ali la Pointe, um rapaz analfabeto que se junta às ações terroristas da Frente de Libertação Nacional, FLN.
É um dos pontos altos do filme.
Como o Pixote brasileiro, surpreende com a vibrante e contundente interpretação.
Fez algumas outras pontas em cinema, sem muito sucesso, e morreu desconhecido e abandonado algumas décadas depois.
Uma nova edição da Criterion Collection em Bluray traz o filme remasterizado e cheio de extras incluindo um documentário de Pontecorvo, feito 24 anos depois nos mesmos lugares, analisando o que havia mudado naquele espaço de tempo.
Jogue fora suas cópias piratas do retardado Missão Impossível 4, que deveria se chamar Caça Níquel 4 e bote na sua vitrola esta obra prima.
Você nunca mais vai esquecer,
nem do filme ,
nem do tipo belo e expressivo de Brahim.
P.S.: Muito prosaico que o filme tenha escandalizado o mundo e proibido na libertária França durante muitos anos por expor a tortura.
Nos nossos tempos o governo Bush e seus advogados instituíram a tortura legal, sem deixar de dizer quantas vezes uma pessoa poderia ser afogada e ressuscitada.
Que vergonha para a humanidade !