segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Obesidade: causa e cura.



O Jornal do Commercio, edição dominical de ontem, estampou em letras garrafais na primeira página :
COMO É CARO EMAGRECER.
Dentro algumas páginas bem intencionadas mas cheias de idéias preconcebidas e que não batem mais com a realidade.

É assunto para um tratado (não o de Tordesilhas, claro!) mas um livro de milhares de páginas, e não para um blog.

Uns toques:
1. a idéia de que "academia" ajuda a perder peso é uma falácia.
Academia é boa para exercitar o corpo, quando os movimentos são adequados.
Para muita gente é o lugar de se machucar.
É convívio social, troca de idéias e para ter um tempo para si.
Mas, o exercício abre o apetite.
Se você fizer exercício sem dieta, você vai engordar.
Fica a matemática de um amigo que dizia: perdi 5 kgs em 2 meses, mas ganhei 4 kgs de massa muscular. Na verdade, perdeu 1 kg. O resto é pura ilusão.

2. a conta de comidas diet, light, herbalife, etc, é irrelevante, porque desnecessárias.

Na minha visão alguns dos problemas mais graves da obesidade não são sequer citados em livros ou artigos. Colocá-los é desafiar uma indústria de bilhões de reais que começa nas porcarias diet (que evitam calorias mas colocam um adoçante que libera insulina no corpo e aumenta o seu apetite no médio prazo) e vai à praga das cirurgias de redução do estômago, que, segundo artigo do NYTimes, já chegou até a crianças de 12 anos.

1. deveria haver uma recomendação para o peso como tem para febre: se passar de tantos gráus, procure ajuda.
Se o seu peso passar de tantos por cento além do normal, procure uma diretriz de orientação sobre o que fazer.
Pessoas não acordam com 150 kgs. Elas ganham de 1 em 1 kg, mas elas preferem só tomar uma atitude quando chega em 150.
Isto é contraproducente.
É tarde demais para reverter sem medidas drásticas.

2. a causa da obesidade é a infantilização da alimentação.
Adultos se sentarem na mesa, na hora do almoço, e botarem uma garrafa de 2.5 litros de Coca Cola em cima da mesa, é o fundo do poço civilizatório.

Um paciente bem informado me disse que tinha feito notável mudança em direção à saúde: trocou o torresmo (que é a tripa assada com a gordura já endurecida) pela tripa assada simples.
Fiquei em dúvida se ria ou se chorava.

Ninguém pode fazer como Gisele Bunchen e rejeitar totalmente alimentos industrializados.
Só bilionários, feito ela, ou camponeses pobretões se podem dar a este luxo.

Meu sonho era como no filme de Chaplin. Ele abre a porta da cozinha e a vaquinha está esperando para ser ordenhada.
É pouco prático.

Mas a verdade é que se precisa fazer um grande esforço para comer o máximo de alimentos crus, vegetais, com o mínimo de açúcar, sal e gorduras.
Bebidas açucaradas (refrigerantes e sucos) ?
Só em festas de aniversário.

Quanto menos comida industrializada melhor.
Os rótulos dos alimentos dos supermercados só têm arapucas.

Onde está escrito "sem gorduras trans", significa que foram trocadas por açúcar ou coisa pior.
Onde tem "9 cereais", significa que NÃO SÃO cereais integrais, ou seja, está só a farinha de dentro do cereal, sem a casca onde moram as melhores vitaminas e fibras.

O principal de cada coisa que se compra no mercado não está no que está escrito…mas no que não está escrito.

Como se soube esta semana, a "magia" do hamburguer do McDonald's passar meses sem apodrecer não é sua perfeição culinária.
É a amônia que era colocada nele.
Um artifício usado para impedir comida de cachorro de deteriorar.
Foi preciso um chef iniciar uma campanha para a empresa decidir retirar a amônia, que faz mal à saúde.

O suco de laranja brasileiro que não entrou nos Estados Unidos esta semana por ter um nível de pesticida maior do que o permitido certamente voltará para os nossos supermercados, onde serão vendidos como "pura saúde".

O resto é balela !

Dieta para engordar é muito mais cara do que dieta para emagrecer.