quinta-feira, 6 de junho de 2024
Zaquel
Zaquel, Muito bom te ver, mesmo que só por alguns minutos. Pensei em ir te levar de carro lá a Arcoverde, mas neste fim de semana estou de sobreaviso no Hospital e posso ser chamado a qualquer momento. Te achei mais alto e a barriga que cultivastes durante as férias, e escondestes nas fotografias aqui do Orkut, colocando Sofia na frente, desapareceu, como por encanto. ah ah Entendi tua queixa sobre a vida extenuante e confusa de um jogador de futebol profissional. Na verdade eu nunca consegui te ver como um jogador de futebol. Desde quando te conheci, num jogo do PFC e 7, aqui em Pesqueira, que eu sabia que estava na presença de um PROFETA. Um profeta que, por acaso, era jogador de futebol. E, também por acaso, um jogador excepcional. Não um profeta barbudo feito Elias ou Moisés. Um profeta moderno. Na presença de quem, mesmo sem palavras, as pessoas sentem que ele transmite a certeza de um mundo diferente e melhor. E que é possível almejar e lutar por este novo mundo. ZC
quinta-feira, 9 de maio de 2024
merton
Eu herdei de meu pai seu modo de ver as coisas e um pouco de sua integridade, de minha mãe herdei o descontentamento pelas enrascadas em que o mundo se meteu e um pouco de sua versatilidade. Recebi de ambos a capacidade de trabalhar, visão, prazer e expressão que poderiam ter feito de mim uma espécie de rei, se os padrões de que vivia o mundo fossem legítimos. Não que tivéssemos muito dinheiro, pois qualquer tolo sabe que não há necessidade de dinheiro para conseguir prazer na vida.
Se aquilo que as pessoas supõem como certo fosse verdadeiro - para ser feliz, o que você precisa é agarrar tudo, ver tudo e experimentar tudo e, depois, falar disso, eu teria sido uma pessoa muito feliz, um milionário espiritual desde o berço até agora.
Se a felicidade fosse apenas questão de dons naturais, jamais teria ingressado num mosteiro trapista quando cheguei à maioridade.
A Montanha dos Sete Patamares
Thomas Merton
Thomas Merton
quinta-feira, 11 de abril de 2024
Eugenio andrade
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.
Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
quarta-feira, 10 de abril de 2024
TM
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quinta-feira, 4 de abril de 2024
O amor e suas versões
Esto es para todos los enamorados empedernidos, que seguramente conocen esa bella frase, que más o menos dice así:
"Si amas a alguien, déjalo ir; si vuelve, es tuyo, si no... nunca lo fue."
Veamos ahora las nuevas versiones del verso en cuestión, según como lo dirían distintas categorías de personas:
• Versión Pesimista:
"si amas a alguien, déjalo ir, si como era de esperarse, no vuelve, nunca fue tuyo."
• Versión Optimista:
"si amas a alguien, déjalo ir, y no te preocupes que seguramente volverá."
• Versión Desconfiada:
"si amas a alguien, déjalo ir, si acaso vuelve, pregúntale por que volvió."
• Versión Impaciente:
"si amas a alguien, déjalo ir, si no vuelve en las próximas dos horas, llama a la policía."
• Versión Paciente:
"si amas a alguien, déjalo ir, si no vuelve, ponte cómodo y sigue esperando hasta la eternidad, que algún día volverá."
• Versión Juguetón:
"si amas a alguien, déjalo ir, si vuelve y todavía lo amas déjalo ir otra vez, y así sucesivamente."
• Versión Vengativa:
"si amas a alguien, déjalo ir, si no vuelve, sal a buscarlo y pégale un tiro."
• Versión del Abogado:
"si amas a alguien, déjalo ir, y busca en el código civil la parte que habla del abandono de hogar por parte de un cónyuge."
• Versión Estadística:
"si amas a alguien, déjalo ir, si el te quiere, las probabilidades que vuelva son de un 86,5 %, si no te quiere, tus relaciones con él caen en el campo de lo improbable, con un margen de error de un 3%."
• Versión Posesiva:
"si amas a alguien, no lo dejes ir."
• Versión del Psicoanalista:
"si amas a alguien, déjalo ir, si vuelve es porque tu ego es muy dominante, si no se quiere ir debe estar muy loco."
• Versión del Sonámbulo:
"si amas a alguien, déjalo ir, si vuelve es una pesadilla, si no vuelve, debes estar soñando."
• Versión del Mercadólogo:
"si amas a alguien, déjalo ir, si vuelve, es una persona leal a su marca, si no vuelve, es hora de hacer un re-lanzamiento en un nuevo mercado.
quarta-feira, 3 de abril de 2024
OC
sábado, 22 de março de 2008
ENTREVISTA COM O POETA
ORLANDO CAETANO
ELOS = Orlando Caetano, diga-nos sua nacionalidade e fale um pouquinho da cidade onde você mora.
R= Sou português e vivo em Leiria, uma cidade medieval com um centro histórico bem conservado, incluindo um belo castelo, mas também com uma zona de bairros modernos, universidades, centros comerciais, teatros, etc.. Fica a 20 Km da orla marítima, bem perto das serras de Aire e Candeeiros, e 130 km a norte de Lisboa.
ELOS = Qual a sua formação escolar?
R= Fiz bacharelato em teologia, licenciatura em psicologia e pós-graduações em literatura portuguesa e linguística.
ELOS= Qual o seu poeta ou poetisa preferido?
R= Não tenho poeta preferido. Tenho poemas preferidos, de vários poetas.
ELOS= Você se inspira em algum poeta, para escrever?
R= Não intencionalmente. Leio poesia por gosto e necessidade. Pode ser que, inconscientemente, alguma dessa poesia me "ilumine"!
ELOS= O que é preciso para escrever bem?
R= Não sei o que é escrever bem. Cada poeta escreve com a cabeça e com o coração, e cada leitor ou ouvinte da sua poesia dirá se essa poesia é boa ou não, para ele/ela. Trata-se de algo subjectivo, intuitivo... na minha opinião.
ELOS= Quais qualidades pessoais isso exige?
R= Entre outras, honestidade, desprendimento, generosidade. Penso que o produção poética é uma dádiva ao mundo. Por isso não gosto de copyrighs e outras restrições, menos ainda quando são invocadas, ou impostas, por simples poetas amadores como eu e outros, nomeadamente na internet. Parece-me revelar uma atitude de presunção pedante e mesquinha.
ELOS= Antes de saber escrever bem, é preciso saber por que se escreve?
R= Estas coisas não se pensam... acontecem. Não se planeiam, surgem! Hoje, a poesia não se limita a fixar o real. Ela permite a projecção e o fluxo daquilo que subjaz ao real.
ELOS= Enquanto escreve, sua vontade maior é agradar ou se satisfazer?
R= A poesia é uma forma de livremente me exprimir. Em certos casos é também um meio de afirmar o inafirmável, de realizar o irrealizável, enfim, de me superar. Quando escrevo, faço-o por necessidade de objectivar pensamentos e/ou sentimentos em expressões sintéticas. A poesia é, por natureza, uma forma de síntese. E eu adoro a síntese. Escrevo só quando uma força interior me impele. Não para agradar nem para me satisfazer. Apenas para transbordar, para libertar algo que existe em mim. Algo que pede asas e liberdade para voar...
ELOS = Colocando-se apenas no papel de leitor de sua obra, existe a possibilidade de considerar qualquer trabalho seu um fracasso?
R= A avaliação é feita pelo leitor. Em tempos, julguei que alguns poemetos meus não teriam valor poético. No entanto, depois de ler algumas singelas quadras de grande poetas, como Pessoa, poemas quase panfletários, ou "de cordel"... ganhei coragem e dei à luz esses versos. Uns adorá-los-iam outros os detestariam, ou lhes seriam indiferentes. Nem tudo nos toca de igual modo. E, no meu caso, como sou tendencialmente heterogéneo, não possuo um padrão poético. Quem lê que faça a sua selecção e apreciação. Nunca se pode agradar a todos, e eu não escrevo para agradar, como já disse.
ELOS = Ao terminar de escrever um texto, você aceita e gosta do resultado unicamente porque é responsável por ele?
R= Depois de escrever um texto, deixo-o em banho-maria, para a ele poder voltar depois, revê-lo, alterá-lo, corrigi-lo (não na essência mas na forma). Embora sendo perfeccionista, sou também consciente da reduzida escala em que me situo no espectro da produção poética. Reconheço as minha limitações e relativizo-me com toda a naturalidade. Não sou um homem de letras, escrever é um dos meus 'hobbies'.
ELOS= A escritora inglesa expôs a seguinte opinião: “poesia não é uma expressão da personalidade, mas uma fuga dela”. E ela explica: “personalidade é muito mais do que detalhes autobiográficos, é o nosso próprio modo de processar o mundo, nossa maneira de ser, e não pode ser artificialmente retirado de nossas atividades: é nosso jeito de ser ativos”. Você acha que é preciso ter conhecimento e aproveitar um pouco dos dois lados na criação, ou apenas trabalhar com um deles é suficiente?
R= Julgo que a racionalização da poesia é uma anti-poesia. Lembras-te do filme 'Dead Poets Society' ( 1989)? Existem normas métricas, e outras, para certas formas poéticas estruturadas, como o soneto, por exemplo. No entanto a poesia não pode deixar que a mordaça dos regulamentos a constranjam ou subjuguem. Poesia é uma expressão dinâmica de vida, é uma corrente caudalosa que não suporta diques.
ELOS= Já teve alguma poesia sua que sofreu uma critica desfavorável?
Se teve, qual foi sua reação?
R= Claro que sim. Vários poemas meus têm desagradado, alguns deles por serem eróticos e outros por serem tristes. Mas esses mesmos poemas foram elogiados por outras pessoas . A minha reacção é respeitar e aceitar serenamente as críticas, sejam quais forem.
ELOS= Você acha que a crítica pode fazer o poeta aperfeiçoar-se, ou desistir da poesia?
R= Quando comecei a escrever, sujeitei os meus escritos à leitura de um colega meu, da área da linguística. Uma outra colega, professora de literatura, leu o meu segundo livro antes de ser publicado. As suas dicas teóricas foram muito úteis para mim. Mas também com eles aprendi e ser o que sou e a escrever o que sinto, como sinto.
Um poeta nunca desiste da poesia... ainda que ela nunca seja lida por mais ninguém.
ELOS= Como você definiria o seu estilo?
R - Libertino, no estrito sentido da palavra.
ELOS= Acha a poesia rimada, perfeita?
R= Não é por ser ou não rimada, que a poesia ganha ou perde qualidade.
A rima é necessária em certas formas poéticas. Mas há muito que dela se prescindiu, com o surgimento do chamado 'verso branco' .
ELOS= Alguma vez já teve alguma poesia sua roubada?
R= Não sei. Isso não me preocupa minimamente. Aliás, nunca ninguém me rouba nada, a partir do momento em que eu próprio dou o que escrevo. Para além de tudo... as acções ficam com quem as pratica. Eu nunca pleitearia por plágio ou algo assim.
ELOS= Está certo repassar poesias sem autoria?
R= Se o autor é desconhecido, pode divulgar-se um poema com essa informação. Ou com o clássico 'Ignotus'.
ELOS = O que você nos diz sobre a arte de fazer cirandas de poetas, tão em voga nos Grupos poéticos?
R= Vejo com bons olhos esse "colectivismo" poético. No entanto raramente participo. Só quando um tema me toca particularmente. Como já disse, não escrevo a pedido mas por impulso interior.
ELOS = E sobre duetos e entrelaces, acha válida essa forma de interagir com poesias?
R= Perfeitamente válida. A interacção é positiva sempre que genuína e espontânea.
ELOS = O que deseja para a poesia dentro do mundo capitalista?
R= Não associo a poesia, necessariamente, a qualquer ideologia política.
ELOS = Sua inspiração é espontânea ou você precisa de momentos específicos para escrever?
R= Creio já ter respondido: espontânea, é claro.
ELOS = Já editou algum livro de papel?
R= Editei três livros de poesia: "Descontinuidades", "Além do Azul" e " Nova Madrugada".
ELOS = Defina a poesia e sua participação nos meios literários.
R= Poesia é aquilo que os poetas escrevem. Uma produção literária baseada na síntese.
Sendo eu um poeta amador, quase desconhecido, não frequento meios literários.
ELOS = Qual a poesia sua que mais gosta?
R= Um dos meus poemas predilectos é:
ESTALACTITE
Gotejam palavras
milhares de anos
repetidas.
Palavras repetidas
e palavras quase repetidas.
Destas últimas
fizeram-se poemas.
Obrigado por tão preciosa entrevista e aceite nossos efusivos Parabéns, por sua linda participação. Esperamos que continue a abrilhantar nosso Grupo com seus maravilhosos poemas.
R= Obrigado eu, pelo prazer e pela honra da partilha.
R= Sou português e vivo em Leiria, uma cidade medieval com um centro histórico bem conservado, incluindo um belo castelo, mas também com uma zona de bairros modernos, universidades, centros comerciais, teatros, etc.. Fica a 20 Km da orla marítima, bem perto das serras de Aire e Candeeiros, e 130 km a norte de Lisboa.
ELOS = Qual a sua formação escolar?
R= Fiz bacharelato em teologia, licenciatura em psicologia e pós-graduações em literatura portuguesa e linguística.
ELOS= Qual o seu poeta ou poetisa preferido?
R= Não tenho poeta preferido. Tenho poemas preferidos, de vários poetas.
ELOS= Você se inspira em algum poeta, para escrever?
R= Não intencionalmente. Leio poesia por gosto e necessidade. Pode ser que, inconscientemente, alguma dessa poesia me "ilumine"!
ELOS= O que é preciso para escrever bem?
R= Não sei o que é escrever bem. Cada poeta escreve com a cabeça e com o coração, e cada leitor ou ouvinte da sua poesia dirá se essa poesia é boa ou não, para ele/ela. Trata-se de algo subjectivo, intuitivo... na minha opinião.
ELOS= Quais qualidades pessoais isso exige?
R= Entre outras, honestidade, desprendimento, generosidade. Penso que o produção poética é uma dádiva ao mundo. Por isso não gosto de copyrighs e outras restrições, menos ainda quando são invocadas, ou impostas, por simples poetas amadores como eu e outros, nomeadamente na internet. Parece-me revelar uma atitude de presunção pedante e mesquinha.
ELOS= Antes de saber escrever bem, é preciso saber por que se escreve?
R= Estas coisas não se pensam... acontecem. Não se planeiam, surgem! Hoje, a poesia não se limita a fixar o real. Ela permite a projecção e o fluxo daquilo que subjaz ao real.
ELOS= Enquanto escreve, sua vontade maior é agradar ou se satisfazer?
R= A poesia é uma forma de livremente me exprimir. Em certos casos é também um meio de afirmar o inafirmável, de realizar o irrealizável, enfim, de me superar. Quando escrevo, faço-o por necessidade de objectivar pensamentos e/ou sentimentos em expressões sintéticas. A poesia é, por natureza, uma forma de síntese. E eu adoro a síntese. Escrevo só quando uma força interior me impele. Não para agradar nem para me satisfazer. Apenas para transbordar, para libertar algo que existe em mim. Algo que pede asas e liberdade para voar...
ELOS = Colocando-se apenas no papel de leitor de sua obra, existe a possibilidade de considerar qualquer trabalho seu um fracasso?
R= A avaliação é feita pelo leitor. Em tempos, julguei que alguns poemetos meus não teriam valor poético. No entanto, depois de ler algumas singelas quadras de grande poetas, como Pessoa, poemas quase panfletários, ou "de cordel"... ganhei coragem e dei à luz esses versos. Uns adorá-los-iam outros os detestariam, ou lhes seriam indiferentes. Nem tudo nos toca de igual modo. E, no meu caso, como sou tendencialmente heterogéneo, não possuo um padrão poético. Quem lê que faça a sua selecção e apreciação. Nunca se pode agradar a todos, e eu não escrevo para agradar, como já disse.
ELOS = Ao terminar de escrever um texto, você aceita e gosta do resultado unicamente porque é responsável por ele?
R= Depois de escrever um texto, deixo-o em banho-maria, para a ele poder voltar depois, revê-lo, alterá-lo, corrigi-lo (não na essência mas na forma). Embora sendo perfeccionista, sou também consciente da reduzida escala em que me situo no espectro da produção poética. Reconheço as minha limitações e relativizo-me com toda a naturalidade. Não sou um homem de letras, escrever é um dos meus 'hobbies'.
ELOS= A escritora inglesa expôs a seguinte opinião: “poesia não é uma expressão da personalidade, mas uma fuga dela”. E ela explica: “personalidade é muito mais do que detalhes autobiográficos, é o nosso próprio modo de processar o mundo, nossa maneira de ser, e não pode ser artificialmente retirado de nossas atividades: é nosso jeito de ser ativos”. Você acha que é preciso ter conhecimento e aproveitar um pouco dos dois lados na criação, ou apenas trabalhar com um deles é suficiente?
R= Julgo que a racionalização da poesia é uma anti-poesia. Lembras-te do filme 'Dead Poets Society' ( 1989)? Existem normas métricas, e outras, para certas formas poéticas estruturadas, como o soneto, por exemplo. No entanto a poesia não pode deixar que a mordaça dos regulamentos a constranjam ou subjuguem. Poesia é uma expressão dinâmica de vida, é uma corrente caudalosa que não suporta diques.
ELOS= Já teve alguma poesia sua que sofreu uma critica desfavorável?
Se teve, qual foi sua reação?
R= Claro que sim. Vários poemas meus têm desagradado, alguns deles por serem eróticos e outros por serem tristes. Mas esses mesmos poemas foram elogiados por outras pessoas . A minha reacção é respeitar e aceitar serenamente as críticas, sejam quais forem.
ELOS= Você acha que a crítica pode fazer o poeta aperfeiçoar-se, ou desistir da poesia?
R= Quando comecei a escrever, sujeitei os meus escritos à leitura de um colega meu, da área da linguística. Uma outra colega, professora de literatura, leu o meu segundo livro antes de ser publicado. As suas dicas teóricas foram muito úteis para mim. Mas também com eles aprendi e ser o que sou e a escrever o que sinto, como sinto.
Um poeta nunca desiste da poesia... ainda que ela nunca seja lida por mais ninguém.
ELOS= Como você definiria o seu estilo?
R - Libertino, no estrito sentido da palavra.
ELOS= Acha a poesia rimada, perfeita?
R= Não é por ser ou não rimada, que a poesia ganha ou perde qualidade.
A rima é necessária em certas formas poéticas. Mas há muito que dela se prescindiu, com o surgimento do chamado 'verso branco' .
ELOS= Alguma vez já teve alguma poesia sua roubada?
R= Não sei. Isso não me preocupa minimamente. Aliás, nunca ninguém me rouba nada, a partir do momento em que eu próprio dou o que escrevo. Para além de tudo... as acções ficam com quem as pratica. Eu nunca pleitearia por plágio ou algo assim.
ELOS= Está certo repassar poesias sem autoria?
R= Se o autor é desconhecido, pode divulgar-se um poema com essa informação. Ou com o clássico 'Ignotus'.
ELOS = O que você nos diz sobre a arte de fazer cirandas de poetas, tão em voga nos Grupos poéticos?
R= Vejo com bons olhos esse "colectivismo" poético. No entanto raramente participo. Só quando um tema me toca particularmente. Como já disse, não escrevo a pedido mas por impulso interior.
ELOS = E sobre duetos e entrelaces, acha válida essa forma de interagir com poesias?
R= Perfeitamente válida. A interacção é positiva sempre que genuína e espontânea.
ELOS = O que deseja para a poesia dentro do mundo capitalista?
R= Não associo a poesia, necessariamente, a qualquer ideologia política.
ELOS = Sua inspiração é espontânea ou você precisa de momentos específicos para escrever?
R= Creio já ter respondido: espontânea, é claro.
ELOS = Já editou algum livro de papel?
R= Editei três livros de poesia: "Descontinuidades", "Além do Azul" e " Nova Madrugada".
ELOS = Defina a poesia e sua participação nos meios literários.
R= Poesia é aquilo que os poetas escrevem. Uma produção literária baseada na síntese.
Sendo eu um poeta amador, quase desconhecido, não frequento meios literários.
ELOS = Qual a poesia sua que mais gosta?
R= Um dos meus poemas predilectos é:
ESTALACTITE
Gotejam palavras
milhares de anos
repetidas.
Palavras repetidas
e palavras quase repetidas.
Destas últimas
fizeram-se poemas.
Obrigado por tão preciosa entrevista e aceite nossos efusivos Parabéns, por sua linda participação. Esperamos que continue a abrilhantar nosso Grupo com seus maravilhosos poemas.
R= Obrigado eu, pelo prazer e pela honra da partilha.
quinta-feira, 14 de março de 2024
mulher quer arranjar marido, Financial Times
"Sou uma mulher linda (maravilhosamente linda) de 25 anos.
Sou bem articulada e tenho classe.Quero casar-me com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por
ano.
H á algum homem que ganhe 500 mil ou mais nesse jornal, ou alguma
mulher casada com alguém que ganhe isso e que me possa dar algumas
dicas?
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não
consigo passar disso.
E 250 mil por ano não me vão permitir morar em Central Park West.
Conheço uma mulher (do meu grupo de ioga) que casou com um banqueiro e
vive em Tribeca!
E ela não é tão bonita quanto e u, nem é inteligente.
Então, o que é que ela fez que eu não fiz?
Qual a estratégia correcta?
Como chego ao nível dela?"
Raphaella S.
Resposta do editor do jornal:
"Li o seu pedido com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu
caso e fiz uma análise da situação.
Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou a
tomar o seu tempo à toa...
Posto isto, considero os factos da seguinte forma:
Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que
procura), o que oferece é simplesmente um péssimo negócio.
Eis o porquê: deixando o convencionalismo de lado, o que sugere é uma
negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas: Você entra com a
beleza física e eu entro com o dinheiro.
Mas há um problema.
Com toda a certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia
acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará a
aumentar.
Assim, em termos económicos, você é um activo que sofre depreciação e
eu sou um acti vo que rende dividendos.
Você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação
progressiva, ou seja, sempre a aumentar!
Explicando melhor, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos
próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano.
E no futuro, quando se comparar com uma fotografia de hoje, verá que
se transformou num caco.
Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser vendida, mas
não de ser comprada.
Usando a terminologia de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la
como 'trading position' (posição para comercializar) e não como 'buy
and hold' (comprar e manter), que é para o que você se oferece...
Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and hold')
consigo não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim!
Assim, em termos sociais, um negócio razoável a ponderar é, namorar.
Sem ponderar...
Mas, já a ponderar e, para me certificar do quão "articulada, com
classe e maravilhosamente linda" você é, eu, na condição de provável
futuro locatário dessa "máquina", quero tão-somente o que é de praxe:
fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio... podemos marcar?"
Philip Stephens, associate editor of the Financial Times - USA
quinta-feira, 7 de março de 2024
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