domingo, 28 de dezembro de 2014

Ex-Ministra Ellen Gracie por Elio Gaspari





A ex-ministra Ellen Gracie 
teve uma passagem exemplar
 pela magistratura 
e pela presidência 
do Supremo Tribunal Federal. 

Cometeu uma demasia 
quando aceitou participar 
da comissão especial 
que fiscalizará a moralidade interna 
da Petrobras. 

Ela não teve sorte no mundo do petróleo
 nem trouxe sorte aos outros. 
Em abril de 2012 
aceitou um lugar 
no conselho de administração da OGX 
de Eike Batista. 
A essa época, 
o corpo técnico da Petrobras sustentava 
que o empresário montara uma fantasia.

 A doutora, o mercado e muita gente boa 
acharam o contrário e, 
quando as ações da OGX foram lançadas,
 chegaram a valer R$ 23,27. 
Em junho de 2013, 
Ellen Gracie demitiu-se do conselho, 
mas a casa já estava caindo, 
e os papéis valiam apenas R$ 1,21. 
Cinco meses depois, 
Eike Batista produziu a maior concordata
 da história do país, 
e a OGX virou pó, 
com sua ações valendo R$ 0,13. 
Durante o ano de 2013, 
os 12 conselheiros custaram 
à OGX R$ 3,34 milhões.

Passou o tempo, 
e o colapso de Eike 
é cada vez mais atribuído 
à sua personalidade megalomaníaca 
e espetaculosa, 
mas quando a doutora Ellen
 foi para seu conselho sabia 
que ele tinha um automóvel na sala de estar.
 Ela e os demais conselheiros
 respondem a um processo na Justiça.
Ellen Gracie pode ser a pessoa certa
 para qualquer lugar, 
mas não deveria arriscar 
uma segunda rodada no mundo do petróleo. 
Não só se deu mal 
como deixou mal os acionistas da empresa, 
que viram na sua presença
 no conselho da OGX uma marca
 de qualidade do negócio. 
Em outubro de 2012, 
quando as ações da empresa 
começaram a cair, 
Ellen Gracie disse o seguinte:

 "Acredito no grupo, 
acho que é um grupo muito bom,
 um grupo muito sólido, 
como eu digo,
 com conteúdo muito sólido, 
de modo que essas flutuações
 são muito naturais".

Pareciam palavras do comandante
 daquele navio cuja história virou filme, 
com Leonardo DiCaprio.

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