quinta-feira, 26 de março de 2015

Quando o governo Lula destruiu a vida de um caseiro, Ricardo Noblat





Esta foi uma das histórias mais vergonhosas dos 12 anos do PT no poder. Seus dois principais personagens: Francenildo Costa, um humilde caseiro. E Antonio Palocci, o todo-poderoso ministro da Fazenda do primeiro governo de Lula.
Em 2006, correu a história de que Palocci frequentava uma mansão do Lago Sul, em Brasília, na companhia de moças alegres e de ex-assessores metidos em negócios milionários suspeitos.
Na CPI dos Bingos, Palocci negou mais de três vezes que a história fosse verdadeira. Não. Jamais estivera em uma mansão sozinho ou acompanhado. Muito menos de ex-assessores.
O jornal O Estado de S. Paulo descobriu o caseiro da mansão que confirmou ter visto Palocci por lá mais de uma dezena de vezes. Francenildo foi ouvido pela CPI e repetiu o que dissera.
Aí a máquina governamental ligada ao Ministério da Fazenda começou a se movimentar para desmentir o caseiro e, se necessário, destruí-lo. Foi o que aconteceu.
Por sua conta e risco, a Caixa Econômica Federal quebrou o sigilo bancário de Francenildo. Um assessor de Palocci repassou à revista ÉPOCA os movimentos de saques e de depósitos de Francenildo numa agência da Caixa no Lago Sul.
Insinuou-se que Francenildo recebera dinheiro da oposição para dizer o que dissera. Por fim, restou provado que o dinheiro que ele tinha na conta lhe fora dado por seu pai.
A Justiça absolveu Palocci pelo crime de quebra do sigilo do caseiro. Mas condenou a Caixa Econômica. Francenildo nunca mais conseguiu emprego em Brasília, onde vive com a mulher e uma filha.
Desde então ele cobra da Caixa uma indenização. Ontem, os desembargadores da 5ª. turma do Tribunal Regional Federal da 1ª. Região decidiram por unanimidade condenar a Caixa a pagar a Francenildo R$ 400 mil.
A Caixa ainda pode recorrer da decisão.
Na época, Palocci perdeu o emprego de ministro de Lula. Mas voltou a ser ministro, dessa vez da Casa Civil do governo Dilma.
Outra vez perdeu o emprego quando se descobriu que ele acumulara a função de coordenador da campanha presidencial de Dilma com a de consultor de empresas. Ficou riquíssimo.