segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O que devo a Paris, Mario,do site O Antagonista





O que devo a Paris


Eu, Mario, 
podia ter escolhido Roma,
que sempre tive como 
"a minha cidade", 
mas escolhi Paris. 

Porque não a amava. 
Porque não gostava dos franceses. 
Porque não queria amortecer 
a minha queda íntima.

Em Paris, exilei-me e fui exilado; 
em Paris, esqueci-me 
e fui esquecido; 
em Paris, escrevi e parei de escrever; 
em Paris, esvaziei-me e esvaziaram-me; 
em Paris, desamei-me 
e me tornei amável 
para quem realmente interessa.

Em Paris, perdi as ilusões 
que acreditava jamais ter tido.

Devo o nada a Paris. 
E, por isso, devo tudo a Paris.

Mario,
 no site de
O Antagonista


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