Meu Pai faria 100 anos hoje,
se não tivesse morrido 19 anos atrás,
aos 81 anos.
A data nos deixa comovidos e
agradecidos.
O Tempo,
este Senhor da Razão,
tornou os defeitos dele
cada vez menores.
E as suas qualidades,
as suas lutas,
as suas conquistas humildes,
cada vez maiores,
aos nossos olhos.
Se conseguimos alçar certos
confortos da vida,
nos assombra saber que
nada teríamos feito se não fossem
os seus ombros de gigante.
Se não fosse seu esforço por
construir uma família,
uma comunidade.
Não tenho maiores admirações
por heróis, pelos Napoleões
da História.
É o Homem Comum que
me interpreta.
Aquele que acorda de manhã
sem saber se ainda
estará vivo para deitar
no seu travesseiro à noite.
Talvez seja pego por uma
tragédia, por uma doença,
por uma insanidade súbita
e incurável.
E mesmo assim ele se levanta da
cama e vai cumprir suas obrigações.
Bilhões fazem isto a cada dia,
mundo à fora,
e estejam certos que contam
com minha profunda admiração.
Meu Pai era um destes Homens Comuns
e nós lhe agradecemos por isto.
Pelo esforço,
pelo exemplo,
por intuir que o núcleo familiar
é apenas um exercício para
uma sociedade em construção.
Mais justa,
mais humana,
mais Humilde.
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