quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pasolini : vídeo de sua última entrevista.




Feita há exatos 37 anos.
Seria assassinado 2 dias depois
por um garoto de programa
numa praia da
periferia de Roma.

A Criterion Collection
lançará nas próximas semanas
a Trilogia da Vida
(Decameron, Contos de Canterbury
e As Noites Árabes)
em bluray
remasterizado.



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Wen Jiabao,Primeiro Ministro da China, pode dar todos os prêmios de jornalismo em 2012 ao NYTimes.






Apareceu um candidato quase imbatível a todos os prêmios de jornalismo de 2012.

O repórter de economia do New York Times em Shangai, David Barboza,  fez uma reportagem investigativa de como o Primeiro Ministro da China, Wen Jiabao, filho de uma professora primária, acumulou uma fortuna espantosa de 2.7 BILHÕES de dólares, em nome de parentes.

Estarrecedora !!!

A China bloqueou o site do jornal,
proibiu a circulação de exemplares,
mas o resto do mundo pode ver
o que move certos governos
do mundo.

Esperemos que este jornalista nunca venha investigar os nossos honrados políticos.

Parabéns ao melhor jornal do mundo.
Não me incomodo de pagar 42 reais por mês
para ler o jornal na íntegra pela internet.

O link para a reportagem completa está abaixo: 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A menina das cabras e o padre.






Manhã tranquila 
nos confins de Trás-os-Montes.



O velho Padre na frente da igreja 
vê passar uma menina
de uns nove anos, 
pés descalços, franzina, 
meio subnutrida, 
ar angelical, 
conduzindo meia dúzia de cabras. 

Muito esforço para a
garotinha conseguir
 reunir as cabras 
e fazê-las caminhar.

O padre observava a cena. 
Imagina se aquilo não seria um caso
de exploração de trabalho infantil 
e vai conversar com a menina.

- Olá, minha querida. 
Como é te chamas?

- Maria da Luz, Sr. Prior.

- O que vais fazer 
com essas cabras, 
Maria da Luz?

- Vou leva-las ao sítio de Sr. Alcides 
para o bode as cobrir.

- Olha lá, Maria da Luz, 
o teu pai ou os teus irmãos 
mais velhos não
poderiam fazer isso?

- Já fizeram, 
Sr. Prior, mas não nasceu nada. 
Tem que ser
mesmo com um bode! 


.

domingo, 28 de outubro de 2012

Edifício na Índia




Nada provoca tanta indigestão em novos ricos como arquitetura.

É a forma de expressar seu poder econômico em relação à miséria dos demais. 

A Índia não poderia ser diferente.

Este é um novo edifício em Bombaim com piscinas nas varandas.

Se eu teria coragem de tomar banho numa piscina destas, com o risco desta proteção transparente desabar ?
E o exibicionismo !!!
Definitivamente não.










sábado, 27 de outubro de 2012

Graciliano Ramos,120 anos hoje.






O escritor alagoano Graciliano Ramos 
faria 120 anos hoje. 

Grandioso!!! 
Um dos maiores da literatura brasileira.

Não deixaria um filho meu ler 
as obras completas dele 
antes de completar 
15 anos de idade. 

As 7 páginas de Baleia, 
que faz parte do livro Vidas Secas, 
são, ao mesmo tempo, 
um dos mais belos textos já escritos, 
mas de uma crueldade sem fim. 

Compreendo o contexto do livro.

 Mas… mesmo assim. 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Milton Nascimento faz 70 anos hoje.






Clube da Esquina 2.
Um dos discos de minha vida.
Quando comprei o LP 
pensei que ele iria
varar do outro lado,
pois eu não conseguia
parar de ouvir.

Obrigado Milton,
por realizar em nós
o que todo artista
deve fazer:
despertar os
sentimentos
mais verdadeiros !

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pesqueira Futebol Clube vence Cabense e está na Primeira Divisão do Campeonato Pernambucano.







Grande alegria em toda a cidade.
Um sonho acalentado há tanto tempo,
que já parecia quase impossível.

Parabéns a todos que 
contribuíram para
esta vitória,
com
tanto sacrifício.
No etimológico termo
da palavra:
sacro + facere =
tornar sagrado.


Jogadores,
treinador,
diretoria raçuda,
Aprígio
(a inegável alma do time),
torcida incansável,
patrocinadores,
apoio da Prefeitura,
etc,
etc,
etc.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Marx e os políticos.







"Política é a arte de buscar problemas,
encontrá-los em tudo
quanto é lado,
diagnosticá-los 
de forma incorreta
e aplicar neles
os remédios errados."


MARX,
Groucho, evidentemente.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Geraldo Vandré quebra o silêncio.











Prá quem não assistiu, imperdível.
É de 2 anos atrás, da Globo News.
A nova geração talvez não conheça a estatura deste cantor.

50 minutos de entrevista para tentar entender o que foi e o que é e o que será este artista essencial ao Brasil, Geraldo Vandré.

O filho advogado de Seu José Vandregísilo precisa ser revivido em coletâneas dos seus 6 discos geniais, autobiografias, filmes, etc.

Se o You tube tirar dos blogs, abaixo o link para ver no site do Youtube :

http://www.youtube.com/watch?v=TYextKTVePY&feature=relat


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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Canção Primeira, Geraldo Vandré









A canção primeira 
como a derradeira 
não vá, te negar 

A canção primeira 
sem eira nem eira nem beira 
é só te lembrar 

Na viola amiga, 
que é chegada antiga 
pra te acompanhar 

Da canção primeira 
livre e livradeira 
que eu quero te dar 

Compreende amiga 
que eu não marque ainda 
quando te encontrar 

Que eu faça cumprida, 
tanto quanto a vida 
que foi só cantar 

Dessa história antiga, 
às vezes cantiga 
pra eu poder contar 

De ti companheira, 
tu de corpo inteira 
como eu pude amar 

E perdoa amiga, 
que eu não vá correndo 
hoje te abraçar 

Nem cortar caminho, 
nessa caminhada 
que é pra te encontrar 

Que eu guarde a esperança, 
que vem vindo o dia 
de poder voltar 

Sem ter na chegada, 
que morrer amada, 
ou de amor matar. 


EU: Música de uma época onde, sem nenhum ranço de saudosismo, existia uma entidade chamada Música Popular Brasileira… que não existe mais.

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domingo, 21 de outubro de 2012

Bertold Brecht, Perguntas de um operário que lê








Quem construiu as portas de Tebas?
Nos livros constam nomes de reis.
Foram eles que carregaram as rochas?
E Babilônia destruída mais de uma vez?
Quem a construiu de novo?
Quais as casa de Lima dourada
que abrigavam os pedreiros?
Na noite em que se terminou a Muralha da China,
para onde foram os operários da construção?
A eterna Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os construiu?
Sobre quem triunfavam os césares?
Bizâncio, tão cantada, só consistia de palácios?
Mesmo na legendária Atlântida
os moribundos clamavam pelos seus escravos
na noite em que o mar os engolia.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Conquistou sozinho?
César bateu os gálicos.
Não tinha ao menos um cozinheiro consigo?
Felipe da Espanha chorou a perda de sua Esquadra.
Só ele chorou?
Frederico II ganhou a guerra dos Sete Anos
Quem mais ganhou a guerra?
Cada página uma vitória.
Quem prepara os banquetes?
De dez em dez anos um grande homem.
Quem paga as suas despesas?
Tantas histórias.
Tantas perguntas.

sábado, 20 de outubro de 2012

Saint-Exupéry






"Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho,
pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui 
a outra "

Saint-Exupéry


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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ponto Final , Frei Aloísio Fragoso (no aeroporto com medo de avião):







Se ela aparecer, a dama indesejada,
Postar-se à minha frente, lhe direi: bem vinda!
Não temerei olhar sua face disfarçada
E dar-lhe_ei meu diário, missão cumprida e finda

Somente pedirei uma horinha a mais de nada
Para escrever a mão a última carta ainda,
Dizer aos meus amigos que o melhor da estrada da vida
é da vida viver a parte linda

Aquela que se esconde em cada ação pequena,
em cada gesto oculto, em cada sonho louco,
em cada humana idade, e até na dor, e além

De amar e ser amado que vale a longa pena,
e a única dor que dói, a de ser sempre pouco
quando se dá de amor. Ponto final, amém!




(devidamente autorizado p/ ele)





EU : Postado por Teca Leite no Facebook,


com autorização do autor.



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Funeral de Jacó ( humor)






 
Foi respeitada sua vontade de deixar 100.000 reais para um bom enterro e uma Pedra Comemorativa.

Depois que saíram os últimos acompanhantes, a viúva Sara aproximou-se da sua mais velha e querida amiga e disse-lhe:
- Estou certa de que o Jacó está contente.

- Sim, tens razão, respondeu a amiga:
 
- Quanto custou o enterro realmente?
- Cem mil, respondeu a Sara.

A amiga surpreendida:
- Tudo estava muito bem, mas 100.000?  
Caro, heim
 E Sara:
- O funeral foi 5.000 reais; dei 4.000 à Sinagoga; 
para o licor e os petiscos, outros 1.000.

O resto foi para a  PEDRA COMEMORATIVA...
- 90.000 para uma pedra? 

De que tamanho é ? 
(Veja abaixo).

P.S.: Só humor. Podia ser com um brasileiro ou chinês.

……



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Operário em construção, de Vinícius de Moraes, com um lindo sotaque português de Mario Viegas









( E o Diabo, levando-o a um alto monte, 
mostrou-lhe num momento de tempo 
todos os reinos do mundo. 

E disse-lhe o Diabo: 

- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, 
porque a mim me foi entregue 
e dou-o a quem quero; 
portanto, se tu me adorares, 
tudo será teu. 

E Jesus, respondendo, 
disse-lhe: 

- Vai-te, Satanás; 
porque está escrito: 
adorarás o Senhor teu Deus 
e só a Ele servirás. 

Lucas, cap. V, vs. 5-8. )




Era ele que erguia casas 

Onde antes só havia chão. 

Como um pássaro sem asas 

Ele subia com as casas 

Que lhe brotavam da mão. 


Mas tudo desconhecia 

De sua grande missão: 

Não sabia, por exemplo 

Que a casa de um homem é um templo 

Um templo sem religião 


Como tampouco sabia 

Que a casa que ele fazia 

Sendo a sua liberdade 

Era a sua escravidão. 



De fato, como podia 

Um operário em construção 

Compreender por que um tijolo 

Valia mais do que um pão? 

Tijolos ele empilhava 

Com pá, cimento e esquadria 

Quanto ao pão, ele o comia... 

Mas fosse comer tijolo! 


E assim o operário ia 

Com suor e com cimento 

Erguendo uma casa aqui 

Adiante um apartamento 

Além uma igreja, à frente 

Um quartel e uma prisão: 

Prisão de que sofreria 

Não fosse, eventualmente 

Um operário em construção. 



Mas ele desconhecia 

Esse fato extraordinário: 

Que o operário faz a coisa 

E a coisa faz o operário. 

De forma que, certo dia 

À mesa, ao cortar o pão 

O operário foi tomado 

De uma súbita emoção 

Ao constatar assombrado 

Que tudo naquela mesa 
- 
Garrafa, prato, facão - 

Era ele quem os fazia 

Ele, um humilde operário, 

Um operário em construção. 


Olhou em torno: gamela 

Banco, enxerga, caldeirão 

Vidro, parede, janela 

Casa, cidade, nação! 

Tudo, tudo o que existia 

Era ele quem o fazia 

Ele, um humilde operário 

Um operário que sabia 

Exercer a profissão. 



Ah, homens de pensamento 

Não sabereis nunca o quanto 

Aquele humilde operário 

Soube naquele momento! 

Naquela casa vazia 

Que ele mesmo levantara 

Um mundo novo nascia 

De que sequer suspeitava. 

O operário emocionado 

Olhou sua própria mão 

Sua rude mão de operário 

De operário em construção 

E olhando bem para ela 

Teve um segundo a impressão 

De que não havia no mundo 

Coisa que fosse mais bela. 



Foi dentro da compreensão 

Desse instante solitário 

Que, tal sua construção 

Cresceu também o operário. 

Cresceu em alto e profundo 

Em largo e no coração 

E como tudo que cresce 

Ele não cresceu em vão 

Pois além do que sabia 

- Exercer a profissão - 

O operário adquiriu 

Uma nova dimensão: 

A dimensão da poesia. 

E um fato novo se viu 

Que a todos admirava: 

O que o operário dizia 

Outro operário escutava. 



E foi assim que o operário 

Do edifício em construção 

Que sempre dizia sim
Começou a dizer não. 

E aprendeu a notar coisas 

A que não dava atenção: 


Notou que sua marmita 

Era o prato do patrão 

Que sua cerveja preta 

Era o uísque do patrão 

Que seu macacão de zuarte 

Era o terno do patrão 

Que o casebre onde morava 

Era a mansão do patrão 

Que seus dois pés andarilhos 

Eram as rodas do patrão 

Que a dureza do seu dia 

Era a noite do patrão 

Que sua imensa fadiga 

Era amiga do patrão. 


E o operário disse: 
Não! 

E o operário fez-se forte 

Na sua resolução. 



Como era de se esperar 

As bocas da delação 

Começaram a dizer coisas 

Aos ouvidos do patrão. 

Mas o patrão não queria 

Nenhuma preocupação 

- "Convençam-no" do contrário 
- 
Disse ele sobre o operário 

E ao dizer isso sorria. 



Dia seguinte, o operário 

Ao sair da construção 

Viu-se súbito cercado 

Dos homens da delação 

E sofreu, por destinado 

Sua primeira agressão. 


Teve seu rosto cuspido 

Teve seu braço quebrado 

Mas quando foi perguntado 

O operário disse: 
Não! 


Em vão sofrera o operário 
Sua primeira agressão 

Muitas outras se seguiram 

Muitas outras seguirão. 

Porém, por imprescindível 

Ao edifício em construção 

Seu trabalho prosseguia 

E todo o seu sofrimento 

Misturava-se ao cimento 

Da construção que crescia. 


Sentindo que a violência 

Não dobraria o operário 

Um dia tentou o patrão 

Dobrá-lo de modo vário. 

De sorte que o foi levando 

Ao alto da construção 

E num momento de tempo 

Mostrou-lhe toda a região 

E apontando-a ao operário 

Fez-lhe esta declaração: 

- Dar-te-ei todo esse poder 

E a sua satisfação 

Porque a mim me foi entregue 

E dou-o a quem bem quiser. 

Dou-te tempo de lazer 

Dou-te tempo de mulher. 

Portanto, tudo o que vês 

Será teu se me adorares 

E, ainda mais, se abandonares 

O que te faz dizer não. 



Disse, e fitou o operário 

Que olhava e que refletia 

Mas o que via o operário 

O patrão nunca veria. 

O operário via as casas 

E dentro das estruturas 

Via coisas, objetos

Produtos, manufaturas. 

Via tudo o que fazia 

O lucro do seu patrão 

E em cada coisa que via 

Misteriosamente havia 

A marca de sua mão. 

E o operário disse: 
Não! 



- Loucura! - gritou o patrão 

Não vês o que te dou eu? 

- Mentira! - disse o operário 

Não podes dar-me o que é meu. 


E um grande silêncio fez-se 

Dentro do seu coração 

Um silêncio de martírios 

Um silêncio de prisão. 

Um silêncio povoado 

De pedidos de perdão 

Um silêncio apavorado 

Com o medo em solidão. 


Um silêncio de torturas 

E gritos de maldição 

Um silêncio de fraturas 

A se arrastarem no chão. 


E o operário ouviu a voz 
De todos os seus irmãos 

Os seus irmãos que morreram 

Por outros que viverão. 

Uma esperança sincera 

Cresceu no seu coração 

E dentro da tarde mansa 

Agigantou-se a razão 

De um homem pobre e esquecido 

Razão porém que fizera 

Em operário construído 

O operário em construção.