terça-feira, 16 de outubro de 2012

Acuso, Ferreira da Silva







Homem !

Como tu és fraco
e impotente.
Na arrogância dos teus gestos !
Como é frágil a tua força
Inaproveitada
Que destrói e não cria
mundos novos!


Homem !
Para que servem estes músculos
Se não sabes servir-te deles
com nobreza ?

O teu desassossego improdutivo
produz cataclismos.
Sangue.
Ruínas. 
Retrocesso.
Definhamento.

E há tantas bocas sem pão.
Tanta chaga a sarar.
Tanto corpo a cobrir.

E não consegues ser 
o anjo que Redime.
Nem o Messias que o mundo espera !
Julgas-te um Deus
e és um pobre deus
com pés de barro !

Buscas na ciência 
as armas para matar
e desprezas na ciência,
o remédio para salvar,
Homem,
lobo do homem !

Escuta.
Limpa a consciência
do ódio que divide
e enfraquece !
Ama o teu semelhante
e alonga a tua vista por
todos os horizontes !

Ergue a tua cabeça com dignidade !
Retesa esses músculso
como se fossem de aço.
E levanta em teus braços fortes
o mundo.
Ao alto !
Ao alto !
Até a perfeição
das almas
dos seres.

Sem ondas de sangue.
Sem ódios que te deprimem.
Amesquinham.
Inferiorizam.
E cria um mundo novo.

De justiça.
De paz.
De equidade.
De perfeição !

E dignifica o nome que te veio
dum verdadeiro Deus !

Ferreira da Silva
Marinha Grande, Portugal.