quinta-feira, 10 de julho de 2008

Drummond


Carlos Drummond de Andrade,
autoretrato em bico de pena.


POEMA DA PURIFICAÇÃO

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau

e jogou seu corpo no rio.


As águas ficaram tintas

de um sangue que não descorava

e os peixes todos morreram.


Mas uma luz que ninguém soube

dizer de onde tinha vindo

apareceu para clarear o mundo,

e outro anjo sarou
a ferida
do anjo batalhador.


Para quem quiser ler em latim :

CARMEM PURIFICATIONIS

Tod ad finem praeliourum
bonus angelus malo mortem intulit
cuius corpus praeceps dedit flumini.

Evaserunt undae rubrae
sanguine perenniter,
mortui sunt est pisces omnes.

Lumen tamen unde veniens
nemo fuit qui diceret
mundo iluminando apparuit,
angelusque vulnus alter persanavit
dimicantis angeli.