sábado, 12 de julho de 2008

Moacyr Félix


El Greco, Trindade.

CANTO PARA AS TRANSFORMAÇÕES DO HOMEM
fragmento
Onde se destrói o mundo
em que vivo
aí estou.

Onde há destruição,
aí se define o meu caminho.

Onde os deuses se desmoronam
é que apareço
sem rosto
atrás de suas formas
feitas de noite e de medo.

Onde se morre, onde se nasce.
Onde se morre é que eu renasço.

( outro fragmento de poema ) :

- Meu pai, o que é a liberdade ?

È um homem morto na cruz

por ele próprio plantada,
é a luz que sua morte expande
pontuda como uma espada....

São quatro cavalos brancos
quatro bússolas de sangue
na praça de Vila Rica
e mais Felipe dos Santos
de pé a cuspir nos mantos
do medo que a morte indica.

É a blusa aberta do povo
bandeira branca atirada
jardim de estrelas de sangue
do céu de maio tombadas
dentro da noite goyesca.

É a guilhotina madura
cortando o espanto e o terror
sem cortar a luz e o canto
de uma lágrima de amor.