segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O equilibrista, Francisco Bandeira de Mello





Tocávamos clarinete na corda bamba
subíamos às altas torres do Egito
passeávamos de pára-quedas
no sol sem fim dos dias de fogo

subíamos à capota do avião
por cima das nuvens
recitávamos poemas à lua
tocando nela

Andávamos nos parapeitos dos edifícios
de um pé só na balaustrada dos abismos
não caíamos dos fios metálicos do circo

andando de cabeça para baixo
nem do alto da Torre Eiffel correndo sonâmbulo
Só na vida é que não nos equilibrávamos.