domingo, 2 de dezembro de 2012

Pornografia médica na Veja. E no The Washington Post?








A boa e querida revista VEJA, que leio desde o primeiro número em 1968, e que tem muitas matérias de valor e instrução para as pessoas, está se especializando em matérias de capas trimestrais com PORNOGRAFIA MÉDICA.

A última foi semana passada,com "A promessa da cura da depressão".
Já teve a da obesidade e outras.

São doenças que a medicina, mesmo já tendo dado grandes passos, está engatinhando no seu entendimento. É fácil dizer que alguém que chora o dia inteiro está com depressão, mas isto não deve representar mais do que 0.1 % dos 38.8 milhões de brasileiros que a revista avaliou com depressão.

Um dos primeiros problemas, já que ainda não existe um exame de sangue para depressão e esta história de ressonância magnética do Sistema Límbico é pura lorota, é dizer aos 99.9% porque se chegou a conclusão de que estão com depressão, e não com outras doenças. A medicina, simplesmente, NÃO SABE !!!!

Nada de mal que a melhor das 3 revistas semanais brasileiras ( mesmo com todos os senões) fale dO assunto. Mas não se pode promover em problemas tão complexos, um comprimido como promessa de salvação.
Estamos longe disto !

Em contraste, o excelente The Washington Post publicou uma reportagem longa e devastadora sobre a indústria farmacêutica.

Algumas partes :
" … em 2006 Lawson Macartney, vice presidente da GlaxoSmithKline (uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo) declarou:
"Nós agora temos evidência de um grande estudo internacional, que o uso inicial do remédio Avandia, para diabetes, é mais efetivo que os tratamentos correntes".

A reportagem continua:
"… ele esqueceu de dizer que os 11 pesquisadores do trabalho recebiam dinheiro da empresa. 4 deles empregados e donos de ações. Os outros 7 eram pesquisadores comissionados e pagos pela GSK. "
4 anos mais tarde a droga estava fora do mercado, quando se viu que dados escanteados mostravam um risco de morte cardíaca maior com o Avandia."

Um pesquisador do FDA estimou que o remédio causou ou precipitou cerca de 83.000 ataques cardíacos e mortes.

VIOXX, um remédio de artrite, cujos dados foram alterados para "dourar a pílula", antes de ser desmascarado causou cerca de 27 mil ataques cardíacos e mortes.

As donas dos remédios do mundo têm o seu pior pesadelo há décadas. 
Para elas é insuportável que doenças que afetam bilhões de pessoas, como diabetes e pressão alta, possam ser tratadas com medicamentos que custam 2 reais por mês.
Todo ano lançam novas "promessas"que acabam dando em água, pois não conseguem ser melhores do que os existentes.
O sonho delas é encontrar para estas doenças comuns um medicamento como o REVLIMID, um derivado da Talidomida, usado em Mieloma múltiplo, que custa 1.000 reais por 1 único comprimido e 300 mil reais por ano, por cada paciente.

Tudo muito vergonhoso !