quarta-feira, 8 de junho de 2011

Diarmuid Martin, um arcebispo x pedofilia na Igreja da Irlanda.





Com o curioso título de "Um arcebispo queima enquanto Roma toca", o New York Times de ontem descortinou uma perturbadora história, num artigo da repórter Maureen Dowd.

Depois de passar 27 anos no Vaticano, como burocrata, o bispo Martin foi mandado de volta a Dublin para tentar resolver a enorme crise de acobertamento de pedofilia que se instalara no país.

4 arcebispos de Dublin já tinham sido chamuscados com fortes suspeitas de que, em vez de punir religiosos irresponsáveis, a igreja irlandesa preferia não enfrentar, pensando "vamos fechar os olhos que o Espírito Santo virá resolver o problema."

Iniciou uma liturgia semanal na catedral de Dublin, chamada "Penitência e Perdão" aos que foram vítimas dos abusos.
Num país de profunda tradição católica, agora só 1 de cada 5 cidadãos vai à missa aos domingos.

Mas a sua batalha não terminou.
O Vaticano ficou incomodado com centenas de denúncias e decidiu apoiar o clero irlandês e sua negação dos fatos. Quando o governo do país lançou um calhamaço de 700 páginas em 2009 com um resumo das denúncias, 2 bispos renunciaram, mas o Papa Bento XV não aceitou as renúncias.
O Cardeal Bernard Law é agora o bastião de Roma na Irlanda, prestigiado na sua posição de negar os acobertamentos.

Dom Martin cita um exemplo de como é a postura de parte do clero irlandês: Um padre já conhecido por outros problemas com adolescentes, fez uma piscina nos jardins de sua própria casa. Para a piscina só eram convidados jovens de uma certa idade e com determinadas características físicas. A paróquia tinha outros 8 padres atuantes. Nenhum nunca achou que havia qualquer coisa de estranho naquela situação.

EU: Nem preciso repetir que esta é uma história particular, dentro de uma gigantesca organização chamada Igreja Católica (IC). No meu entender o trabalho da IC não tem comparativo no mundo ocidental, em matéria de fé, de solidariedade, de luta pelos mais pobres. Não se deve julgar uma instituição de bilhões de fiéis pelos seus erros restritos. Se custou séculos a reconhecer que a Terra girava em torno do Sol. Se queimou pessoas na Inquisição. Se custou a aceitar que os negros tinham alma. Isto tudo deve ser visto com pesar, mas com respeito, e COM SENTIDO HISTÓRICO. É fácil julgar hoje um fato de 200 anos atrás. Mas é errôneo não ver o seu contexto. A Igreja Católica sempre foi -e será sempre- digna da minha humilde admiração. Ninguém pode negar as sementes de transformação humana e sociais que a IC SEMPRE patrocinou.