Dr. Jack Kevorkian, um médico patologista, de Michigan, EUA, morreu ontem, aos 83. Músico de Jazz, senso artístico, médico mediano, pais eram imigrantes armênios.
Com grande coragem... e loucura, testou durante anos até onde a lei e a sociedade aguentariam sua pressão. Terminou passando 8 anos da velhice preso, depois que apareceu, de propósito, aplicando sua máquina da morte (Mercitron) em um paciente que não tinha mais força para fazê-lo. Oficialmente ajudou mais de 130 pessoas a passarem desta vida para a outra.
Odiado pela indústria médica americana, que tem entre os seus maiores pesadelos, a idéia de que pacientes terminais possam decidir quando morrer. 25% dos bilhões de gastos médicos nos EUA são feitos nos últimos 30 dias de vida das pessoas. Ou seja, milhões de pacientes terminais são deixados em UTIS com milhares de dólares de diária, medicamentos caros e inúteis e uma infinidade de tubos. "Vivem" mais 30 dias e dão lucros de bilhões à indústria médica.
Ano passado HBO exibiu sua produção "Você não conhece Jack", com Al Pacino interpretando Kevorkian. Quando recebeu o Emmy de Melhor Ator, disse que "estava gratificado por ter interpretado alguém tão brilhante, interessante e único". Kevorkian estava na platéia, com um largo sorriso.
Apesar de médico competente, viveu a vida inteira como um asceta, com recursos e confortos de pobreza. Comprava roupas nas lojas do Exército da Salvação, por serem baratas. Nunca casou. Tocava piano e era apaixonado pela música de Bach.
1. "Nunca entendi porque a medicina tem tanto interesse em ajudar as pessoas a entrarem na vida, e nada faz para ajudá-las a sair da vida." Foi um frase muito repetida dele.
2. O enfrentamento da Lei é perigoso e desgastante e só grandes seres humanos o fazem, por nobres causas. A Lei foi feita para o Homem e não o contrário. Leis universais, eticamente definidas, não devem ser desafiadas, claro. Ninguém pode decidir que matar o vizinho, depois de um bate boca, possa tornar-se justificável. Mas a Lei não é intocada e absoluta como muitos querem fazer crer. Num exemplo recente, extremo e cristalino, o apartheid sul africano era totalmente esboçado dentro da lei. Nada nele feria a Constituição do país, mas era desumano. Foi combatido...e mudado.
"Quando sua consciência disser que a lei é imoral, não siga a lei", outra frase de Kevorkian.