quarta-feira, 4 de junho de 2008

Madrigal Melancólico



MADRIGAL MELANCÓLICO


Manuel Bandeira

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza é em nós que ela existe.


A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela
De fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência,
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil e tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.

Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.


O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi,
Não é a irmã que já perdi,
E meu pai

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal,
Em teu flanco aberto como uma ferida,
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti, lastima-me e consola-me !
O que eu adoro em ti é A VIDA !




PS : Pablo da Elite Models e Danielle da 40º Models.

Fotografados pela extraordinária lente do fotógrafo carioca de modas LÚCIO LUNA, que é um dos meus amigos no Orkut.