Fernando Pessoa
Gato que brincas na rua
como se fosse na cama
invejo a sorte que é tua
porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
que regem pedras e gentes
que tens instintos gerais
e sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim
Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim
Conheço-me e não sou eu.
Janeiro de 1931