segunda-feira, 4 de abril de 2011

Liberdade de Imprensa




32 anos depois, as tarjas pretas na imprensa voltaram.
A revista Caras circulou cheia delas.
(Uma carta de Cibele Dorsa, escrita poucas horas antes de se suicidar.)

A justiça ordenou, a pedido do "Cavaleiro Doda", agora aninhado nos braços bilionários de Athina Onassis.

É uma carta desconcertada e, certamente, privada que, como editor de qualquer publicação, eu não divulgaria. Não acrescenta nada à dolorosa e confusa vida de Cibele Dorsa, de quem eu nunca tinha ouvido falar antes da morte do namorado, semanas atrás, pulando da mesma janela no sétimo andar.

O problema é censurar a imprensa.
É um bom começo para tudo voltar a ser como dantes... em Abrantes.
As chances disto acontecer são mínimas, pois vivemos num país mais maduro, apesar de tudo.

O que torna ridícula a proibição é a estatística.
Mesmo nos salões de cabelereiros e consultórios médicos onde a Caras reina sobre todas as outras revistas, quase todo mundo hoje tem acesso à internet.

Basta digitar no Google "Cibele Dorsa carta" e lá está a carta inteira com suas acusações ao ex-marido. Acusações sofridas e até muito pouco agressivas.
Como seriam de uma pessoa em desalento.
Foi só uma vitória de Pirro e uma ousadia contra a liberdade de imprensa,
um bem que nos é muito querido.

P.S.: Se fosse na época que o presidente Getúlio Vargas deu um tiro no próprio peito, também apareceria na justiça algum arauto da moralidade para proibir a Carta Testamento que ele deixou.