segunda-feira, 16 de abril de 2012

Brasil 2012: somos todos anencéfalos ?





Tudo vem de muito antes da década de 60, quando o presidente francês De Gaulle arrematou o que já se sabia :
Le Brésil n'est pas un pays sérieux.
(O Brasil não é um país sério).

As raízes vão à chegada de Cabral por aqui.
Numa tremenda desnivelada do Caminho das Índias.
Nada mais distante das Índias do que o Brasil e não me perguntem por que o descaminho foi tão grande.

Em vez de aportar em São Paulo ( mesmo sem lá ter mar ) que viria a ser o símbolo do trabalho brasileiro, Cabral, matreiro, desembarcou na Bahia. No fim de abril, acabada a Semana Santa e em plena ebulição dos Carnavais fora de época, que depois se prolongariam pelo ano inteiro.

Todo o texto acima, num simulacro do Samba do Crioulo Doido de Stanislaw Ponte Preta, para falar da semana que passou.
Os jornais e internet brasileiros fizeram do julgamento de aborto para anencéfalos pelo Supremo Tribunal Federal em Brasília, um clima de torcida organizada em véspera de final de Copa do Mundo.

Na alma do Zé Ninguém brasileiro tudo é assim.
O prazer de vencer, de se impor sobre os outros.

Num STF do futuro século, se uma questão destas chegasse lá, o resultado seria um só.
O próprio funcionário da recepção diria:
- não é cabível receber esta causa.
Saber se uma pessoa deve continuar a gestação de um filho sem cérebro é tarefa particular.
Dos pais e do médico que acompanha.
Esta não é uma causa jurídica pertinente.

Me dá enjôos a excessiva medicalização da vida e a legislação da vida.
Leis deveriam ser feitas para facilitar o convívio humano e engrandecê-lo e não para discutir se o banheiro de sua casa deve ser virado para Meca.
Esta é uma decisão religiosa e não legal.

Se a sua religião recomenda que você não deve abortar, nem quando o feto esteja morto, é um problema seu e de sua saúde e de sua consciência.
Você pode seguir esta linha de raciocínio e prática sem problema.
Quem decidir fazê-lo deve ter o mesmo apoio da saúde pública de quem recebe uma vacina contra hepatite B.

Mas você não pode exigir que uma sociedade, com dezenas de religiões, centenas de denominações de igrejas e até os sem igrejas, sigam a matéria moral que você acha que é certo.
Isto se chama imbecilidade, nem uma vírgula a mais.

O mesmo ocidente que se indigna com as mulheres muçulmanas sendo obrigadas a usarem burcas, quer legislar assuntos particulares para todos.

Este clima de torcida organizada criado por estruturas religiosas ou políticas para universalizarem suas idéias privadas é tão atrasado quando o talebã e suas burcas e sua proibição de meninas estudarem.