terça-feira, 1 de maio de 2012

Richard Wagner : "As Valquírias". "Tudo prá dá errado."


As Valquírias (Die Walkure) são a segunda parte da Tetralogia de Richard Wagner, chamada O Anel dos Nibelungos.
A primeira parte é a ópera O Ouro do Reno.
Depois As Valquírias, Siegfried e O crepúsculo dos Deuses.

É uma monumental obra, dividida em 4 noites de espetáculo.
Óperas não têm duração exata, pois varia com o andamento do maestro.
A média das 4 noites é 14-15 horas, fora os intervalos.

As Valquírias duram cerca de 3 horas e meia, em 3 atos.
São a preferida de muitos fãs de Wagner, entre eles, eu.

"Tinha tudo prá dá errado" poderia ser o subtítulo.
Amparado no argumento conveniente e cândido de que eram "lendas nórdicas", Wagner botou prá quebrar no enredo.

O primeiro ato tem uma infidelidade e um incesto.
No segundo, um filicídio.
No terceiro, um quase filicídio.

Explicações:
Valquírias são filhas do Wotan, o chefe dos deuses na mitologia.
Foram criadas com a bela intenção de facilitarem a passagem para o além dos heróis, mortos em campos de batalha.

No primeiro ato, um caçador perdido na floresta, entra exausto em uma casa. A dona de casa o acolhe, na ausência do marido, que depois chega.
Tudo muito respeitoso, mas uma atração insustentável se desenvolve entre o hóspede e a patroa, que termina em uma música apoteótica e envolvente e numa declaração de amor total.
Detalhe: eles já tinham descoberto no meio das conversas que eram irmãos.

No segundo ato, Wotan, o senhor dos deuses, manda a filha Brunhilde, uma Valquíria, proteger Siegmund, que é seu filho com uma mortal.
Mas, depois entra Fricka, sua esposa, e reclama que ele está apoiando a infidelidade conjugal e, em nome do casamento, o obriga a uma contraordem, punindo com a morte o seu filho Siegmund.
Brunhilde se revolta e tenta apoiar o casal ameaçado.
Não evita que ele seja morto, mas salva ela que está grávida de um filho dele.

No último ato, Wotan decide punir Brunhilde por sua desobediência.
Vai matá-la, mas desiste.
Aprisiona-a em um lugar afastado, cercada por uma roda fogo.
Um beijo destemido pode salvá-la no futuro.
Fecha a cena.

Eu: imaginem estes argumentos numa sociedade européia de 140 anos atrás.
Dizem que Mahler e outros saíram vomitando no fim do primeiro ato.

O que salva tudo?
A música é divina.
E isto diz tudo.

O Anel é para mim a maior obra de arte da humanidade.
A Capela Sistina que me perdôe.