sexta-feira, 20 de julho de 2012

Truman Capote e seus socos III - última parte.




Café da Manhã na Tiffany's (luxuosa joalheria da Quinta Avenida, em Nova Iorque) que no Brasil teve a esdrúxula tradução de Bonequinha de Luxo, foi o romance de TC anterior a A Sangue Frio (In Cold Blood).
O filme do diretor Blake Edwards que explodiu a carreira de Audrey Hepburn como uma prostituta de alta classe, também alavancou a carreira de TC.

Mas o grande projeto de vida dele foi mesmo A Sangue Frio.
Passou 5 anos para lançar o livro pois não conseguia imaginá-lo sem o final, com a morte dos 2 criminosos. No entanto, "vendeu a alma ao diabo", como se dizia na Idade Média.
Para viver melhor a história terminou se envolvendo demais a ponto de se apaixonar perdidamente por Perry Smith, o criminoso que começou a matança.
O resultado foi o sucesso do livro, reconhecido universalmente como um dos melhores do gênero, mas uma personalidade que ficou em frangalhos e não conseguiu mais se recompor.
Viveu mais quase 20 anos, morrendo em 1984, aos 59 anos, mas não conseguiu escrever mais nada além de pequenos artigos. Morreu consumido pelo alcoolismo e pelas drogas e na angústia do que se entregou para alcançar sucesso.

Existem boas edições de sua curta bibliografia no Brasil e uma boa biografia de Gerald Clarke.
No futuro será mais que bem-vindo um volume na coleção de The Library of America que reúne os melhores escritores americanos em volumes bem cuidados e baratos.

Assim poderemos ler o artigo que publicou na Vogue americana chamado "Carmen Therezinha Solbiati - so chic " sobre nossa socialite Carmen Mayrink Veiga, em 1956.
Os mais abastados e apressados podem, é claro, fazer a assinatura individual dos arquivos da Vogue, pela internet. Custa dolorosos 3.250 dólares por ano !!!

Mas o principal desta postagem de TC e de sua existência é a "lição de vida"(como dizem os religiosos) que ela nos traz.
Numa época onde as pessoas são convencidas pela auto-ajuda que "podem tudo", que "basta querer", que "Deus vai permitir você fazer tudo o que quer", e invencionices parecidas que desmontam no menor sopro do próximo dia, poderei ser o filósofo da oposição.
Sou o papa da anti-aventura.
"Grandes decisões" quase sempre levam à lugar nenhum.
Ou a situações indesejáveis e incontornáveis.

A não ser que você seja esteja na estrada de Damasco, e uma voz lhe derrube do cavalo e pergunte "Saulo, Saulo, por que me persegues ?", é melhor levar a vida em pequenos passos, pequenas e pensadas decisões. Isto lhe dará segurança necessária para ir longe.
O resto… é ficção.
E o preço a ser pago pelas ousadias podem chegar no "fatal".



TC e Marilyn Monroe.