Zé:
Acabo de ler a carta que você me destina no seu blog. Friso concordar com tudo o que você escreve contra nossos processos eletivos e o descrédito (é assim que entendo) das instituções associadas às eleições brasileiras. Neste sentido, você apenas reforça com fatos minha crítica sumária. Discordo apenas do fato de você afirmar que o voto obrigatório é apenas um detalhe no contexto do processo eletivo. Não é, Zé. É um ato de violência contra um dos fundamentos de toda sociedade autenticamente democrática: o da liberdade individual. Ademais, o modo como é empurrado e passivamente aceito pelas próprias camadas esclarecidas agrava o estado de aviltamento da nossa língua. E a língua, você sabe, define a natureza e a qualidade da nossa relação com a realidade. Trocando em miúdos: importa saber o que é um direito (o de votar) e uma imposição ou um ato de força exercido pelo Estado contra o cidadão, isto é, a obrigação de votar. Há muitas outras questões implicadas no exercício consciente do meu voto em branco, mas paro por aqui. Abraço de
Fernando.