segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fassbinder e sua indústria : O AMOR É MAIS FRIO DO QUE A MORTE.


RWB foi um dos maiores diretores de cinema alemães de todos os tempos.
Fazia tudo em escala "industrial".

40 filmes em 13 anos de carreira não tem similar na história do cinema.
9 filmes em 12 meses, feitos em 1971, também não tem paralelo.
Nem em Bollywood e no cinema pornô, conhecidos por sua multiplicação.

Algumas obras primas.
A maior delas é o extenso BERLIN ALEXANDERPLATZ, baseado num livro de Alfred Doblin.
Tem 15 horas de duração e um belo lançamento brasileiro em DVD pela Versátil.
Assisti mais da metade em cinemas cults do Upper West Side de Nova Iorque, na década de 80. Cercado de meia dúzia de velhas imigrantes alemãs.
É filme para poucos e pretendo rever em vídeo ainda este ano.

Também estou lendo "O AMOR É MAIS FRIO DO QUE A MORTE" de Robert Katz, uma biografia de RWF, que foi lançada pela Brasiliense em 1992.
Este foi também o nome do primeiro filme de RWF, em 1969, com apenas 24 anos.

Morreu com impensáveis 37 anos, em 1982, sentado na sua poltrona, com um cigarro na boca, de overdose de cocaína e medicamentos para dormir, enquanto revisava um roteiro de "Rosa Luxemburgo", que seria seu próximo filme.

Tinha terminado QUERELLE há poucos meses.
Uma vida pessoal nada invejável e prá lá de Marrakech.
Toneladas de drogas, compulsão alimentar e orgias sexuais eram seu dia a dia.
Um dos seus maiores amores foi GUNTHER KAUFFMAN, um negro alemão, filho de soldado americano com alemã, com idade próxima da sua.
Entre outras extravagâncias Kauffmann esbagaçou em 1 ano, 4 caríssimas Lamborghinis que tinha ganhado de presente de RWF.
A conservadora sociedade alemã tremia a cada escândalo.

RWF era impiedoso consigo próprio, conforme mostra este pequeno texto que iria fazer parte de uma autobiografia que não chegou a lançar:

"Ficar feio é a maneira que a gente tem de fechar-se por completo.
O corpo feio e pesadão, uma couraça monstruosa contra todas as formas de afeição...
A criança que existe em cada um grita e protesta contra esta couraça, ansiando por amor e harmonia.

Fique feio e trabalhe.
Aí então, e só então, deixe que venham as recompensas.
Quero ser feio na capa da revista TIME.
A feiúra terá finalmente subjugado toda beleza.
Nisso consiste o luxo."