terça-feira, 12 de outubro de 2010

Querelle: obra-prima ou lixo?





Sou contra todo e qualquer tipo de censura.
Mas à favor de recomendações.
Sempre da forma mais objetiva.

Como exemplos:
1- Você é contra o casamento gay?
Então, por favor, nunca case com seu namorado-a.
2- Você é contra o aborto?
Então nunca tire uma criança da sua barriga antes de completar 9 meses, etc,etc.

Agora, não tente legislar suas convicções para um país inteiro.
As pessoas não são obrigadas a pensarem e agirem como você acha que é certo.

A minha recomendação para o filme Querelle, de Fassbinder, numa boa edição brasileira em vídeo da Versátil, seria:
"Não recomendado para menores de 70 anos.
E ainda assim, acompanhados dos pais e avós!!! "

É a história desesperada e autodestrutiva de Querelle, um marinheiro estacionado no porto francês de Brest.
Brad Davis faz o belo e confuso personagem.
Apaixonado por si próprio e pelo seu próprio irmão, enquanto é cobiçado silenciosamente pelo narrador da história, o comandante do seu navio, numa extraordinária interpretação de Franco Nero.

A capa do DVD dá um resumo preciso:
" Na cidade portuária de Brest, nada é o que parece ser.
Neste cenário de sonho, um marinheiro amoral que desperta sentimentos de amor e morte em homens e mulheres, planeja crimes e procura satisfazer os seus desejos."

Nem Jean Genet (que escreveu o livro),
nem Fassbinder que dirigiu o filme,
fizeram concessões à brutalidade.
Quase nenhuma cena erótica.

Fassbinder, como de costume,
colocou Gunther Kaufmann,
o seu amante negro,
como Nono, o dono do bar do cais do porto.
A mulher de Nono (a excelente Jeanne Moreau) é cobiçada pelos marinheiros.
Nono criou um jogo perigoso e interesseiro.
O marinheiro que quiser dormir com sua mulher deve entrar neste jogo.
Se ganhar, terá sua noite com ela.
Se perder, será penetrado por ele!!!

A trilha sonora é dirigida pelo próprio Fassbinder, que como sempre, fazia diversos trabalhos técnicos em seus filmes.

Imperdível ?
Sim, para quem estiver numa fase Zen, que não se introduza na angústia dos 109 minutos de projeção.
Para adolescentes e adultos confusos?
Nem passar perto.

P.S.: o cartaz acima, feito por Andy Warhol, que visitou os sets de filmagem, não ajudaram a tirar a aura de pornografia que persiste no filme.
Mas, o filme não é pornográfico.
É apenas triste!!!