A imprensa brasileira, com sua natural ignorância cultural, noticiou com um sub-texto de desgosto e suspeição, a ida da presidenta Dilma à abertura da temporada do Metropolitan Opera de Nova Iorque.
As matérias estavam cheias de insinuações.
Deveria uma presidente que foi a Nova Iorque para falar na abertura da ONU deixar de fazer um "encontro de trabalho"com o presidente do Cazaquistão para gastar 2 horas na ópera?
Me causou desgosto !
Não existe outro lugar em Nova Iorque, e talvez no mundo, onde os 200 ou 300 dólares que se paga por um lugar decente na platéia do Met, valham tanto cada centavo.
Se colocasse todos os políticos brasileiros para assistir as 15 horas do Anel dos Nibelungos de Wagner que o Met apresentou este ano e lançou em blu-ray e dvd semana passada, o Brasil seria outro.
Naquela ópera, e numa simplificação que funciona, Wagner mostrou como o mundo se divide entre os que buscam o amor e os que buscam o poder.
Os políticos brasileiros têm uma ânsia pelo poder sem fim, e querem enriquecer desonestamente, sem nem mesmo saberem o que farão com tanto dinheiro.
Voltando à presidente, bato palmas para sua escolha do melhor gosto.
A abertura da temporada do Met em mais um ano, usou do chamariz do que ela tem de melhor : Anna Netrebko e uma ópera de fácil digestão, O Elixir do Amor.
A paixão camponesa de Adina por Nemorino tem uma graça particular.
Una furtiva lacrima, sua ária mais conhecida, parece deslocada numa comédia.
Mas a arte também tem que render dinheiro e Gaetano Donizetti sabia destas coisas.
Então sacou uma ária chorosa, assim como era costume colocar um ballet no segundo ato de cada ópera para agradar o público.
Parabéns Presidente Dilma pela ótima escolha !
De uma vez que lá estive, passando pelos corredores laterais em um intervalo, me deparei com a homenagem singela que o MET faz a Bidú Sayão, nossa mais famosa cantora lírica.
Fiquei totalmente emocionado.
Fiquei totalmente emocionado.
Nada mais próximo do paraíso do que o MET.
Foto acima copiada no New York Times onde o Tomasini fez a resenha do espetáculo do Met desta semana.
