quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Jack Kevorkian



HBO está passando o filme de Barry Levinson sobre Dr. Jack Kevorkian, médico, patologista aposentado, que tirou o sono da sociedade americana, alguns anos atrás.

Ele realizou, e fez questão de divulgar em todos os meios de comunicação, mais de 130 eutanásias, ou suicídio assistido, como alguns preferem chamar.

Pessoas muito doentes, quase todos terminais, com poucas semanas de vida, com enorme sofrimento, lhe escreviam para apressar a morte.
Ele criou uma estrutura simples, em que colocava 3 medicamentos em tubos e o próprio paciente puxava o primeiro cordão, dando início à morte, e evitando que alguém fosse acusado de assassinato.

Ele forçou a barra da legislação americana, querendo um parecer favorável. O que colheu foram 8 anos e meio na prisão, mesmo já tendo completado 70 anos.

Não interessa à máquina de saúde americana que pacientes terminais morram.
25% dos gastos médicos são feitos nos últimos 30 dias de vida, ou seja, quase todos em vão.

Não sou contra, nem a favor.
Acho que é matéria particular, entre o médico e o paciente.
As sociedades médicas deveriam publicar normas, como por exemplo, já o fizeram para diagnosticar quem é o paciente com morte cerebral que pode ter seus órgãos doados.
Um parecer de 2 outros médicos,
uma consulta de avaliação psiquiátrica para excluir depressão,
e o Estado não deveria botar o seu nariz onde não é chamado.

Na Holanda, Dinamarca e outros países já é assim.
É um atendimento médico, com normas a serem seguidas.
Depois disto, é uma decisão do paciente e do médico que se dispuser a ajudá-lo.
O Estado não deveria ser chamado a arbitrar o que uma pessoa, como Sigmund Freud, fez.
Com um câncer de boca se alastrando, com dores insuportáveis e de difícil controle, expectativa de vida de semanas de sofrimento cruel, ele tem o direito de decidir se quer aguardar o fim agonizante ou terminar com a própria vida.

Ninguém chamou o Delegado de Plantão quando o Papa João Paulo II decidiu que era hora de ter alta do hospital e voltar ao Vaticano para morrer horas depois.
Achou mais sensato fazer isto, do que ficar internado semanas, cheio de tubos por todos os lados, numa condição médica irreversível.

Esqueci de falar mais do filme,
o que seria o comentário desta matéria.
Muito recomendável, nunca saiu em DVD no Brasil.
A capa acima é de uma edição em espanhol.
AL PACINO, apesar dos seus maneirismos do Actors Studio, dá um show de interpretação e mostra porque já foi nomeado tantas vezes para Oscar de Melhor Ator, que venceu com Perfume de Mulher.
Neste mesmo ano também foi nomeado ao Oscar como Ator Coadjuvante.
É um dos melhores atores de todos os tempos.

A cena impagável de Perfume de Mulher é quando ele, um oficial cego, chama Gabriele para dançar o tango "Por una Cabeza" de Carlos Gardel.
Ela diz que não pode, pois o namorado vai chegar em minutos.
E ele responde:
"Não tem problema.
A vida se vive em um momento."
Ela hesita, diz que não dança bem.
E ele arremata:
"Não se preocupe.
O tango não é como a vida.
Você pode errar... e continuar dançando."