domingo, 15 de agosto de 2010

Soneto para Greta Garbo


(em louvor da decadência bem comportada).


Carlos Penna Filho

Entre silêncio e sombra se devora

e em longínquas lembranças

se consome

tão longe que esqueceu o próprio nome

e talvez já não sabe por que chora


Perdido o encanto de esperar agora

o antigo deslumbrar que já não cabe

transforma-se em silêncio por que sabe

que o silêncio se oculta e se evapora


Esquiva e só como convém a um dia

despregado do tempo,

esconde a tua face

que já foi sol e agora é cinza fria


Mas vê nascer da sombra outra alegria

como se o olhar magoado

contemplasse

o mundo em que viveu,

mas que não via.


P.S.: Este poema já apareceu aqui no blog 1 ano atrás.