sábado, 31 de outubro de 2009

Mucuripe


A última edição da ROLLING STONE brasileira traz artigo de capa com AS 100 MAIORES MÚSICAS BRASILEIRAS.
Entendo, como beócio que sou, que uma lista não é mais que uma lista. ah ah
Reflete uma escolha momentânea de alguém, em certa fase de humor.

A única lista onde não haveriam discordantes seria :
QUAIS AS 3 CANTORAS DE ÓPERA DE MAIS PERSONALIDADE DO SÉCULO XX ?
1º lugar - MARIA CALLAS
2º lugar - MARIA CALLAS
3º lugar - MARIA CALLAS.

Seria fácil ( prá mim ). Os fãs da grande Renata Tebaldi, da intensa Kirsten Flagstad, da inesquecível Birgitt Nillson, comprariam no Mercado Livre do futuro, um carro bomba, do vendedor Talibãonline, e mandariam colocar em minha frente.

Senti falta de muitas músicas na lista da RS.
E achei outras indicações um tanto exageradas.
"Comida" dos Titãs não deveria estar na lista, nem Maria Fumaça com a Banda Black in Rio, nem Da lama ao caos, de Chico Sciene (Maracatu Atômico entrou na lista com respeito).

A música que mais senti falta foi MUCURIPE, da edição em compacto simples (aquela bolacha preta menor, com 1 música de cada lado) que veio encartada no tablóide Pasquim e depois foi lançada avulsamente e fez parte, com outro arranjo, deste primeiro disco de Fagner, cuja capa está acima.

Prá mim está entre as 10 melhores músicas brasileiras de todos os tempos.
Teve muitas regravações. Da impecável de Elis Regina, à xaroposa de Roberto Carlos, mas nenhuma superou a melancolia e a simplicidade desta primeira.

Houve um tempo que RAIMUNDO FAGNER CÂNDIDO LOPES, era um compositor cearense do primeiríssimo time da MPB. Cheio de lirismo, de invenção musical, até o 5 ou 6º disco que lançou e depois com o incomparável TRADUZIR-SE, onde navegou na música espanhola tradicional, foi impecável.

Depois afundou-se no caça níqueis do São João de Campina Grande, namoros com socialites e um grande silêncio. Um silêncio tão barulhento e agoniante quanto o de Vandré, sendo que voluntário.
Os 2 estão entre os grandes da música revolucionária do mundo (politicamente engajados ou não).
Um mundo onde habita Paco Ibañez, Pablo Milanés, Lluis Llach, Mercedes Sosa, entre tantos.

Foi uma grande perda prá todos nós.
Mais do que Canteiros (que ficou enjoada de tantos aprendizes de violão tocando) e o dueto, com Ney Matogrosso, levanta-defunto de POSTAL DE AMOR (que me lembra noites marítimas na inauguração do Bar Atlântico no Carmo,Olinda).
O dueto de Penas do Tiê,com Nara Leão, também é antológico.
Foi uma pena !!!

P.S.: No alto da página à direita tem AÑOS, com Mercedes Sosa.
CLIQUE EM PLAY PARA OUVIR.