quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Guerra ao terror


"A emoção da batalha é um vício forte e letal.
Pois a guerra é uma droga"
Chris Hedge


Assisti numa matinê de tarde de carnaval este forte candidato ao Oscar de melhor filme. A direção é de Kathryn Bigelow, ex-exposa de James Cameron, diretor de Avatar. Criei grande expectativa, dividido. Por um lado, os próprios produtores e financiadores do filme não lhe deram muito crédito. No Brasil, por exemplo, foi lançado em dvd antes do cinema (o que só acontece com filmes fracos), sem o nome da diretora na capa, como um reles filme sobre a Guerra do Iraque. Os nomes de Guy Pearce e Ralph Fiennes na capa é só chamariz. Eles são coadjuvantes que estão em cena apenas por alguns minutos. Só depois dos prêmios mundo à fora é que foi lançado em cinema.
Alguns críticos bons, como o Kinemail, elogiaram muito o filme e acham uma boa chance de que ganhe o Oscar de melhor filme para o xaroposo AVATAR (o adjetivo corre só por minha ojeriza a filmes com muita tecnologia embutida. Na verdade, ainda não o assisti.).

O maior site de cinema, O IMDB, que agora tem versão em português, de Portugal, está cheio do ame-o ou odeie-o. Muitos retratando o ótimo roteiro, que conta a história de 3 soldados americanos do pelotão para desarmamento de carros e homens bombas. E dezenas de depoimentos de ex-soldados americanos no Iraque dizendo como a fantasia abusou de uma realidade inexistente. São tantos furos, que dá prá encher uma página. Da irresponsabilidade do personagem principal com a própria vida; dos casebres no ataque com um carro bomba na Zona Verde de Bagdá, quando se sabe que nela só tem castelos e repartições militares.

Gostei do filme. Direção competente, ágil, féerica quando a ação exige. Algumas cenas, como a emboscada no deserto se prolongam mais do que o necessário.
Enfim, um filme que não é pró nem contra a guerra. Não "o filme definitivo sobre a Guerra do Iraque", como apressadinhos apregoaram. Apesar do belo final, em que desconstrói a aparente insanidade de Will, o maluco desmonta-bombas, num singelo pai de família que gosta de guerra, e quer voltar para o seu trabalho lá, enquanto passeia com mulher e filha num dos imensos supermercados americanos.

Não uma obra prima. Cortou a minha juvenil idéia de engajar o blog na campanha dele para melhor filme, como fiz com O segredo de Brokebrack. Não dá prá tanto.
As bancas de pirataria já estão cheias do mesmo, com cópia de boa qualidade a partir do DVD original. Assisti num Blu ray, cujo único extra é o comentário da diretora e do roteirista Mark Boal. Em algumas cenas de incêndios e bombas, me peguei perguntando: E quando vai começar as Valquírias, de Wagner, na trilha sonora? De tão semelhante estava aos ataque da praia do filme APOCALIPSE NOW, este sim um clássico imperdível, que só fica maior a cada revisão e quanto mais o tempo passa.