quarta-feira, 19 de maio de 2010

Frost/Nixon


Não dava prá esperar muita coisa do diretor RON HOWARD, que assinou os medíocres e sem inspiração UMA MENTE BRILHANTE, COCOON, APOLO 13, O CÓDIGO DA VINCI e, especialmente, ANJOS E DEMÔNIOS.

Tudo é muito bem feito, competente, plásticamente soberbo, mas o filme acaba e você fica se perguntando: O que foi que eu vim fazer aqui?
Nada lhe desafia. Nada lhe instiga.
Nada lhe deixa confortável, nem desconfortável.
É quase uma marca do cinema "piloto automático" e "padaria" de Ron.
O produto pode até ter algum sabor, mas dá prá ver que não teve qualquer criatividade, saiu de um forno de padaria, de produção em massa.
Ver a parte de RON HOWARD no site do IMDB talvez seja a explicação. Ele está metido em dezenas de projetos para lançamentos futuros.
A gula já matou a arte de muitos.

A beleza dos cenários, a produção perfeita, a câmara rodopiante nos entornos do esplêndido Vaticano, não acrescentam uma pitada de sal ao roteiro "pebolin" de ANJOS E DEMÔNIOS.
Cada "segredo" desvendado leva a uma imediata derivação do próximo segredo, num acinte à imaginação de qualquer espectador de QI acima de 50. Bateu a bola numa trave... e leva à próxima fase, como num pebolim.
Uma chatura que não merece ser revisto, nem em Alta Definição.

Mas o assunto da matéria é FROST/NIXON, 2008, que saiu agora em DVD, Bluray americano e está sendo exibido no Telecine.

Baseado em uma história real.
Um quase desconhecido e quase falido repórter australiano DAVID FROST, decide pagar uma soma milionária por uma série de entrevistas com RICHARD NIXON, que 3 anos antes tinha sido o primeiro presidente americano a renunciar.
O resultado é capenga até a última entrevista, como manda qualquer folhetim.
Só na última o ex-presidente desaba e mostra todo seu ressentimento e seu mau caráter.
Não sei se as entrevistas reais foram desta maneira. Estou para assistí-las.
Mas, para quem gosta de intrigas de poder, de disputas políticas e boas tiradas, o filme é um prato cheio.
Gostei bastante e recomendo.

FRANK LANGELLA está perfeito como Nixon e é pena que não existissem 2 Oscar de melhor ator em 2009, já que o ganhador foi Sean Penn por Milk, merecidamente.
Ele não macaqueia Nixon.
Ele externa os sentimentos conflitantes de um político inteligente e ardiloso que se viu enredado nas suas próprias armadilhas.
Não é o filme político perfeito, como MISSING de Costa Gavras,
mas é muito recomendável.