domingo, 5 de julho de 2009

gilberto


Gilberto Freyre - 1984
Sociólogo

Em Casa-Grande & Senzala, o senhor sustenta que a miscigenação ocorrida no Brasil, ao superar os conflitos de classe e raça, se transformou numa experiência bastante bem-sucedida. Mas a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, mostra que a ascensão social do mulato e do negro está virtualmente bloqueada. A democracia racial não seria também um mito?


O problema é que a abolição da escravatura, embora tenha sido fato notável na história da formação brasileira, foi muito incompleta. Joaquim Nabuco, um homem de extrema visão, lembrava que, com a abolição, os problemas do negro não estariam resolvidos, eles estariam apenas começando. Nabuco dizia que era necessário preparar o negro para ser cidadão, mas quem se interessou por isso? O novo governo, os novos líderes, os industriais, a Igreja? Ninguém se interessou. O negro livre deixou as fazendas e os engenhos e foi inchar as periferias das cidades. Abandonado, constituiu-se num sub-brasileiro. Por isso, os dados dessa pesquisa só revelam que há uma discriminação contra homens que não foram educados para ser cidadãos brasileiros.


Do arquivo digital da Revista Veja. O texto é autoexplicável, por isto nada tenho a acrescentar.