segunda-feira, 20 de julho de 2009

WALTER CRONKITE

Walter Cronkite morreu aos 92 anos, 4 dias atrás.
Em um resumo venenoso, diria que foi um Cid Moreira que pensava. Durante décadas foi o apresentador e editor do CBS EVENING NEWS, um noticiário noturno que, nos entornos dos anos 60, tinha para os americanos a importância do Jornal Nacional da Rede Globo, nos seus dias de glória. Hoje é somente um vício que a classe pobre tem quando os programas policiais acabam.

Ao contrário da nossa versão tupiniquim, onde Cid Moreira nunca ousou dizer qualquer palavra fora do script, ou demonstrar que era um ser pensante, e não apenas uma bela voz que lia, Cronkite não se poupava de fazer seus próprios comentários no ar. Era conhecido como a pessoa de maior credibilidade nos EUA e como, mais do que atualmente, os EUA se achavam o mundo, era a maior credibilidade do mundo.

No fim da década de 70, já um tanto envelhecido, ainda era uma das minhas atrações nas idas aos EUA. A minha cabeça decidia que eu estava realmente fora de casa quando comprava e lia o New York Times na primeira banca de revistas do aeroporto de chegada e quando chegava em casa ou num hotel e ouvia a voz aveludada de barítono, de Walter.

Foi eleito uma das 20 pessoas mais influentes da TV em todos os tempos.
Suas narrações históricas do pouso do primeiro homem na lua, e a voz embargada de emoção ao anunciar o assassinato do Presidente Kennedy em Dallas, estão no You tube em diferentes durações, e são parte da história da humanidade.
Vai em paz, Walter !!!

No Brasil continuamos à espera de um telejornal onde o apresentador saiba mais do que ler o teleprompter. Boris Casoy foi uma boa experiência durante alguns anos. Depois a máquina financeira por trás do microfone podou quase tudo. Os espectadores também cansaram da indignação pura e simples, do tipo "isto é uma vergonha!!!"
Não assisto nenhum telejornal brasileiro. São grandes demais, oficiosos demais, "espremeu sai sangue" demais. A última vez que assisti, muitos anos atrás, as manchetes eram as seguintes: "Sem terra marcham não sei aonde" e "Já são 3 horas, 15 minutos e 12 segundos de rebelião na Penitenciária de não sei de que lugar". Concluí que era pura perda de tempo assistir estes assuntos recorrentes e sem nenhum interesse nacional. Como no filme de Frank Capra, Do Mundo Nada se leva, apertei o botão do elevador de volta para o térreo e decidi nunca mais entrar naquele lugar. Depois desta decisão nunca tive a sensação de ter perdido nada por não assistir os noticiários da TV brasileira. ah ah