As duas fotos desta matéria são do impactante Monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, em Recife. Retrata um preso sendo submetido à tortura do pau-de-arara.
O mundo moderno acrescentou muitas angústias e perguntas sem resposta à condição humana.
A tortura pode ser legítima em alguma ocasião ?
A minha tendência imediata, com insuportável sentimento de náusea, é dizer NÃO.
A tortura por crueldade e sadismo ( que é a que acontece todo dia, milhares de vezes, nas prisões brasileiras comuns -conforme centenas de relatos da Anistia Internacional-) é um caso psiquiátrico e legal, e só pode ser tratado como tal, e nunca aceito.
A tortura por vingança que é que aconteceu com muitos presos políticos brasileiros que não tinham qualquer informação importante a dar, também é absurda e condenável.
AGORA VEM A QUESTÃO:
Num episódio do seriado "24 horas" e numa sessão revisitada do filme "O SUSPEITO" de 2007, em que um engenheiro químico egípcio, naturalizado americano, sob as leis criadas pelo governo Bush, é preso nos EUA e levado para uma prisão egípcia, onde pode ser torturado à vontade, a questão se torna diferente.
Ninguém em sã consciência assinaria a frase atribuída a Stálin, de que "é melhor matar 100 inocentes do que deixar um culpado escapar", mas a pergunta crucial é: "Se você soubesse que um prisioneiro tem a informação que pode impedir 7.000 pessoas de morrerem num ataque terrorista no centro de Londres (O filme diz que esta situação foi real. Não posso confirmar.), você o torturaria até à morte, para conseguir esta informação? Seria justo deixar tanta gente morrer para salvar um provável culpado? E se fosse inocente e morresse na tortura?
Quem poderia decidir uma questão desta? O presidente? O ministro? Jack Bauer?
É fascismo fazer uma questão destas ?
É melhor fazer de conta que estas perguntas não existem?
Deixo prá cada um pensar.
Nâo tenho a resposta.
“As sociedades que não reconhecem a dignidade da pessoa humana, ou professam reconhecê-la, mas não o fazem na prática, ou a reconhecem apenas em circunstâncias excepcionais, tornam-se não apenas sociedades com tortura, mas sociedades nas quais a presença da tortura transforma a própria dignidade humana e, consequentemente, toda a vida individual e social. E uma sociedade que voluntariamente ou pela indiferença inclui entre seus membros tanto vítimas quanto torturadores não deixa espaço conceitual nem prático para aqueles que insistem em não ser nem uma coisa nem outra”. (Edward Peters, Tortura - uma visão sistemática do fenômeno da tortura em diferentes sociedades e momentos da história...)
copiado do moisesaugusto.blogspot.com
EU: Esta é também uma frase para reflexão. Pode-se tirar uma idéia dela ou, como disse a um amigo sobre certas frases de Nietzche, " são muito bonitas, mas não querem dizer absolutamente NADA."