sexta-feira, 22 de maio de 2009

Los hermanos

MONUMENTO "TORTURA NUNCA MAIS",
na Rua da Aurora, em Recife.
Preso sendo torturado em Pau de Arara.

A "anistia" aos torturadores, no Brasil (que não acontece na Argentina, Uruguai,etc) é a sinalização para os torturadores de que podem fazer seu trabalho sem preocupação, quando voltar a ser o caso. Pois, quando os regimes se modificarem, sempre haverá uma lei de Anistia para abençoar e perdoar os seus erros.

Resumo dE coluna de janio de freitas NA FOLHA DE S. PAULo

A lição da vizinha


O presidente Lula gravou para o filme sobre Fiel Filho, operário assassinado em quartel de São Paulo, a sua primeira definição pública sobre a tortura e assassinatos e subscreveu a impunidade absoluta para os torturadores e assassinos.

No mesmo dia 26 a Argentina, onde ditadores /"presidentes" estão condenados e presos, pôs em vigência o feito mais extraordinário dos dois governos Kirchner: os militares acusados de delitos (futuros) passam a ser julgados pela Justiça Federal e pelo Código Penal, como os civis, e não mais sob o privilégio corporativista de uma Justiça Militar. Militares e civis foram igualados para todos os efeitos da cidadania.

É, em relação a qualquer parte do mundo, um avanço de civilização no sentido mais poderoso dessa palavra.

O argumento de Lula para defender o acobertamento dos criminosos da ditadura é de que a Lei da Anistia precisa ser respeitada porque foi aprovada pelo Congresso. Se a aprovação parlamentar de uma lei a tornasse definitiva e imutável, como se explicaria que a Câmara e o Senado, desde a primeira posse de Lula, estejam sempre entupidos de medidas provisórias que alteram leis aprovadas pelo Congresso?

Nem se trata de alterar uma vírgula da Lei de Anistia criada pelo sistema militar para proteger seus criminosos. É necessário o reconhecimento de que tortura e assassinato são crimes comuns, não crimes políticos. E, portanto, não beneficiados pela anistia aprovada para reais ou alegados crimes de ordem política.

Argentina baniu punição à homossexualidade de militares, e está tão adiante do Brasil, que o cargo correspondente, lá, ao do armamentista Nelson Jobim é exercido por uma mulher. A Nilda Garré, ministra da Defesa, deve-se grande parte da lição civilizatória argentina, que ela sintetiza nesta formulação simples:

"Os militares, em um Estado democrático de Direito, são cidadãos antes de qualquer outra condição. E, como militares, devem ser vistos e considerar-se como servidores públicos especialistas em defesa nacional".

Lula prefere os homens dos porões. 

Ou das cavernas.