sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Caetano


Caetano Veloso já foi chamado de reserva da imprensa brasileira. Quando nada está dando assunto, é só ligar prá ele e pedir uma entrevista.
As polêmicas surgem.

Nos últimos dias ele reforçou esta idéia.
Semana passada deu entrevista ao Globo que melindrou muita gente ligada em cinema. Disse, com inteira razão, que Woody Allen continuava a fazer filmes interessantes, mas não era mais um diretor prá você ir ao cinema assistir. Era um autor prá ver na TV.
Moro num lugar que não tem cinema, mas fiquei me perguntando o que me levaria ao cinema, aquele lugar barulhento, cheirando a pipoca oleosa, além de um cinema do Shopping Guararapes em Recife, que transmite ao vivo algumas óperas do Metropolitan de Nova Iorque, em formato digital ?
Quase nada.

Ontem, deitou o verbo no Estadão.
O JC já colocou a manchete minutos depois: CAETANO DIZ QUE VOTARÁ EM MARINA SILVA, PORQUE LULA É ANALFABETO.
Frase totalmente fora do contexto do que ele disse.

Gostei de saber que ele não gosta de celular, curte email e não pretende entrar no Twitter. Assino embaixo nas 3 coisas.

Outras pérolas da entrevista:

" Marina é Lula e Obama ao mesmo tempo. Não voto na Dilma. Voto em Marina."

"Ao contrário do que dizem, o serviço público pode ser amado. A pessoa pode dar todo o seu sangue por aquilo. O meu pai foi um funcionário público dedicadíssimo à sua função. Não é só o lucro capitalista que move as pessoas."

"O Brasil ter tido Fernando Henrique e Lula em seguida foi um luxo. Ambos saíram melhor do que a encomenda."

EU: Como acontece em todos os episódios, o tinhoso Caetano aproveita para soltar uma frase que não quer dizer rigorosamente nada, mas serve prá chamariz de todos os periódicos.

Desta vez foi:
"SEMPRE ACHEI QUE O BRASIL É UM PAÍS COM DESTINO DE GRANDEZA E UMA ORIGINALIDADE FATAL."
Vocês entenderam o que ele quís dizer com esta frase?
Nem ele, nem eu, nem ninguém.

Mas... valeu Caetano. Você é uma das minhas referências culturais desde que aquele rapaz magro e assanhado entrou no vídeo do televisor preto e branco de minha casa, com chuvisco por todo lado, e começou a cantar Alegria, Alegria, no Festival da Record, na década de 60.
O que eu pensei na hora?
Que diabo é isto?

Ali estava selada minha admiração, que espero não acabe nunca.
Entre as coisas inconfessáveis da minha vida, já toquei nos cabelos dele, num show dos Doces Bárbaros no Geraldão, em Recife, em que o palco era um tablado no meio do ginásio e os fãs, feito eu, podiam ficar arrodiando o palco.
Que época, a década de 70 !!!
Mas agora é melhor.
A internet fez muita diferença na vida de todos e na minha.