Garry Kasparov - 2004
Enxadrista russo
Nas partidas que disputou contra o computador, o senhor ganhou e perdeu. Na sua opinião, quem é mais forte: o homem ou a máquina?
A desvantagem do homem em relação à máquina é que o computador é psicologicamente preciso, perfeito. Não tem instabilidade, mau humor, irritação, dor de cabeça. Já a vantagem do homem sobre o computador é a flexibilidade. O computador nasce programado para olhar o jogo de um determinado jeito, com uma estratégia preestabelecida, amarrada. E não muda. Eu, não. Tenho a habilidade de refazer a estratégia, trocar minhas prioridades. A máquina é movida pela lógica do cálculo perfeito. O homem tem o poder de fazer julgamentos. Tenho certeza de que o melhor homem, no seu melhor dia, ainda bate o computador em um jogo de xadrez – e vai ser assim durante muito tempo. Quando digo "o melhor homem", estou me referindo a não mais que quatro, cinco jogadores no mundo inteiro. Eu já provei ser um deles. Venci, mas fiquei exaurido, estraçalhado.
( dos arquivos das páginas amarelas da VEJA, entrevista de 2004 ).