Santiago Badiarotti Merlo ( 1912-1994 )

Não sou ufanista. Nem a maior parte dos "istas"que pululam nos dicionários. Não entendo porque devo me orgulhar de ser pesqueirense e não arcoverdense, se ninguém até hoje me deu explicação lógica de porque a fronteira entre os 2 municípios é a atual e não alguns metros adiante. Os meus orgulhos são "intelectuais". Vibro a cada documentário brasileiro de qualidade. 

( Nada devem aos melhores do mundo.) E quando vejo um filme que entra de imediato em minha lista dos 10 mais, aí pulo da cadeira e exulto.

Nestes feriados vi o DVD de "SANTIAGO". Documentário de João Moreira Salles(JMS) sobre o mordono ítalo-argentino que reinou na mansão dos seus pais no Rio de Janeiro durante 30 anos. No momento da filmagem estava chegando aos 80 anos, solitário em seu pequeno apartamento do rico Leblon.

O filme é imperdível por muitas razões. JMS se cercou do melhor do cinema nacional. Walter Carvalho na fotografia. Eduardo Escorel na edição. E o próprio irmão - FERNANDO - com uma bela voz, na narração.

A edição em DVD tem uma mancada : como o personagem fala 'portunhol', legenda em português seria obrigatório. Tem só francês, espanhol e inglês.
Não sei de onde Zanin ( link de entrevista com JMS abaixo ) tirou o "edição luxuosa". Só se um folheto de 45 páginas (muito útil,certamente ) com todo o texto do filme, espremido dentro de uma caixa normal de DVD a torna "luxuosa"...
http://blog.estadao.com.br/blog/zanin/?title=title_519&more=1&c=1&tb=1&pb=1
O filme tem uma crueldade imperdoável : quando no fim dos 5 dias de filmagens, Santiago, tenta falar sobre sua vida pessoal ( " Que io pertenezco a um grupo...a un núcleo de seres malditos.") o que se ouve de JMS é um soco no estômago : "Não. Isto não precisa. Este lado a gente não vai...."

João Moreira Salles
tremendo documentarista,
grande repórter da Piauí ( o artigo sobre a Islândia é sensacional ). Sem querer,  entra como personagem do documentário e deixa uma leitura subentendida,com seu desconforto com vários assuntos do filme.

EU : Já tive sonhos de fazer pequenos filmes com personagens fantásticos, feito Santiago, que conheci. Mas... a minha realidade é outra. Nasci, e vivo, em uma cidade que não tem mais sequer uma sala de projeção, quanto mais uma escola, prá aprender o caminho das pedras da arte cinematográfica.