32 anos hoje que morreu MARIA CALLAS, aos 53 anos.
A soprano nascida americana, de ascendência grega, fez história entre os seus milhões de fãs. Eu me considero um deles.
Não tinha a voz mais pura, nem mais potente, mas interpretava com paixão cada ópera que cantou. Sua TOSCA, sua TRAVIATA e, sobretudo sua NORMA, são inconfundíveis e, provavelmente, insuperáveis.
É uma das poucas coisas que me faz pensar mal da morte: SE NÃO VOU MAIS OUVIR CALLAS, então isto é ruim.
Centenas de biografias esmiuçaram sua vida atribulada .
Sacrificou a juventude pela arte do canto e depois, assemelhando-se a Michael Jackson, achou que era tempo de recuperar o tempo perdido.
Foi tarde demais e frágil demais.
Apaixonada pelo bilionário grego Onassis, ele preferiu, por razões comerciais, casar com a viúva Jacqueline Kennedy. Maria terminou de afundar no desamparo.
O diagnóstico de Infarto do Miocárdio foi só uma delicadeza francesa no atestado de óbito. Na verdade, ela morreu de tristeza.
Sózinha no seu luxuoso apartamento da 36, Avenue Georges Mandel, na área mais nobre de Paris, rica, odiando a mãe que só queria explorá-la, e se enchendo de metaqualona (no Brasil se chamava Mequalon, o remédio prá dormir na época) encerrou de forma melancólica sua única, fulgurante e curta carreira. (Pouco mais de 1 década, no mundo da ópera, é um tempo ínfimo. Placido Domingo por exemplo completará 50 anos de carreira.).
Este túmulo do Cemitério Pére-Lachaise de Paris é virtual.
Os restos mortais de Maria passaram algum tempo aqui, mas depois foram jogados no Mar Egeu, que banha a Grécia. Mesmo assim é um lugar de culto, e muita gente vai visitar.
Alguns dizem que uma parte das cinzas ficaram aqui, mas é só jogada de marketing.
MARIA, fisicamente, agora são partículas nas ondas do Egeu.
Vai em paz, Maria.
Existem milhares de cenas de Maria no Youtube, apesar dela ter somente o segundo ato da Tosca, no Covent Garden, gravado, por conta de brigas que teve com Karajan sobre direitos autorais.