domingo, 13 de setembro de 2009

Mário Sá-Carneiro





Soneto de Amor


Que rosas fugitivas foste alí:
Requeriam-te os tapetes - e vieste...
- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.


Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste -
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...


Pensei que fosse o meu o teu cansaço -

Que seria entre nós um longo abraço

O tédio que, tão esbelta, te curvava...


E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...