sábado, 19 de setembro de 2009

CASSINO

Sob o título de JOGO PERIGOSO, a Folha de São Paulo de ontem fez um editorial contra a milionésima tentativa dos lobbies dos cassinos para expandir a jogatina no Brasil.
Gostaria de ter as certezas da Folha, mas não tenho.

Assim como as drogas, os jogos de azar são coisas que não existiriam em minha sociedade ideal. Passei 4 dias em Las Vegas e gastei 10 dólares numa máquina caça níquel, só prá não dizer que tinha sido o único turista da cidade a não jogar nada.
Mas foi preciso um grande esforço meu para isto.

Não tenho qualquer tesão por apostas, jogos de azar,etc. Acho dinheiro um assunto sério demais para ser perdido ou ganho sem esforço.
Alguém me disse que um grande atacante que passou pelo futebol pesqueirense, perdeu 30 mil reais em jogo de baralho em Araripina. Fiquei pesaroso e meditativo.
O que levará alguém a perder o resultado de meses seguidos de seu trabalho atlético, seu esforço tremendo, numa mesa de jogo ? Que adrenalina alimentará este cérebro, a procura de emoção? Não sei e não imagino.

A hipocrisia da sociedade brasileira é que o setor policial vive atrás de portentosas operações para prender os caudilhos do jogo do bicho, onde a maior parte das pessoas perde 1 ou 2 reais, enquanto alimenta uma máquina maluca oficial de megasenas, quinas, lotos e tudo o mais.

Os jogos oficiais no Brasil são os jogos que pagam os menores prêmios do mundo, em termos de porcentagem do arrecadado. A maior parte do dinheiro fica com o governo, pura e simplesmente. Mas, para os jogadores isto não importa, o que eles querem é fazer sua fézinha e pensarem que merecem ser agraciados por Deus com a sorte. E a cada segunda-feira, quando conferem sua derrota, aumenta o buraco na alma, mas também a esperança que Deus está lhe reservando um grande prêmio no futuro.

Como com as drogas (melhor o seu filho comprar sua maconha na farmácia do que no perigoso beco de um favela) talvez teria sido melhor o habilidoso atacante ter arriscado o seu valioso dinheiro em um cassino oficial, onde as chances de ser roubado são um pouco menores, do que numa mesa de baralho duma espelunca qualquer. Acho que a sociedade deveria se permitir a experiência de regularizar estas coisas e ver o que vai acontecer. Em qualquer das situações, infelizmente é inevitável, algumas pessoas vão destruir as suas vidas financeiras e as de suas famílias. Talvez fosse o caso de aplicar uma parte do dinheiro arrecadado em impostos para contratar psicólogos e psiquiatrias para os jogadores compulsivos.

A proibição, como já se viu em muitos outros assuntos, é inútil e só desencadeia a rotineira trama de corrupção policial e apadrinhamento da ilegalidade. Valdomiro Diniz, do grupo mais íntimo de José Dirceu, e arrecadador oficial de dinheiro para o PT junto ao pessoal do jogo do bicho foi o exemplo mais conhecido ultimamente.

A propósito, a Alemanha legalizou a prostituição e isto parece ter acabado com a terrível figura do rufião que, sob o pretexto de proteger as mulheres do ramo, as exploravam. É outro mal necessário que todas as sociedades vão ter que enfrentar em algum momento.