Coitado do nosso cérebro humano. Além das milhares de questões visíveis e midiáticas do dia a dia que precisa manejar, existem as milhões de questões ocultas. A crueldade animal é uma delas. A sociedade brasileira ainda está no ponto de se indignar com o cachorro morto a cacetadas ou o cavalo que o condutor da carroça espanca, sem lembrar que é o seu ganha pão. As sociedades evoluidas estão um passo além, como mostra o documentário produzido pela HBO (corajosamente) e exibido pelo canal HBO "MORTE NUMA FÁBRICA DE FAZENDA", 80 minutos, 2009, diretor Tom Simon.
Com a ajuda de um adepto do grupo Associação das Fazendas Humanizadas (link do site no fim do texto) ele se emprega em uma grande fazenda de porcos, no estado americano de Ohio e começa a filmar a situação das 6000 fêmeas e 10000 bebês que lá vivem. A legislação é muito frouxa e não define o que é crueldade com animais criados para alimentação. A única saída é filmar a forma de matança das fêmeas doentes: enrola uma corrente no pescoço dela e suspende com uma empilhadeira, num enforcamento doloroso e prolongado. Levam o filme e a causa a um tribunal. As penalidades são pífias e leves... e nada muda.
Mas não deixa de ser um grito de alerta.
O porco é considerado o 4º animal mais inteligente. Só perde para o homem, primatas e golfinhos. Tem afetividade, mais do que os cachorros. Numa fazenda monstro destas não há lugar para uma morte menos brutal. Como também não se tem tempo a perder com animais mais doentes. Veterinários e remédios custam caro e emperram esta abusiva fábrica de produção.
Os animais de abate são abusados desde que nascem. As fêmeas grávidas são presas em gaiolas tão pequenas que têm que se jogar quando querem deitar, porque não dá prá deitar de lado.
Temos, como sociedade, que repensar os animais que matamos para nos alimentar. E como poderíamos fazê-lo com um mínimo de crueldade. São 10 BILHÕES de animais ao ano, que são mortos, só nos EUA, para alimentação.
Devemos avançar no nosso conceito de animais companheiros (cachorros,etc) e animais alimento (que também são seres vivos).
O documentário faz uma pergunta e não responde: por que apelar para artíficios, se a forma mais fácil de matar um leitão de poucas semanas que parece doente e não poderá virá comida, é pegá-lo pelos pés, bater a cabeça dele na parede e depois jogá-lo agonizante na lata de lixo?
Eu responderia com facilidade:
PORQUE NÓS SOMOS HUMANOS.
É ESTA CONSCIÊNCIA E ESTA COMPAIXÃO QUE NOS DIFERENCIOU DOS OUTROS ANIMAIS E NOS COLOCOU NO CENTRO DA CRIAÇÃO.