segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ruanda 1994, 1 milhão de mortos "numa briga de negros".

( capítulo I )
Vestígios do massacre.


Para entender melhor :

RUANDA - país do centro da África. Um terço do tamanho de Pernambuco. População um pouco maior. 15% da população é de etnia TUTSI= negros mais altos, magros, pele mais seca e considerados mais inteligentes. 85% HUTUS = mais baixos, musculosos, pele brilhosa e menos inteligentes. Séculos de disputas entre os 2 grupos. Agravadas pela colonização belga que colocou os tutsis em cargos de poder e reforçou a doentia autoestima dos hutus que tinham a impressão de ter sido criados "para serem escravos dos tutsis".

Em 6 de abril de 1994,presidente Habyarimana - hutu - pousava em Kigali, a capital, junto com o presidente do vizinho Burundi, também hutu, e o avião foi derrubado por 2 mísseis, matando os 2 presidentes. Não se sabe ao certo quem lançou os mísseis. Mas os hutus radicais logo começaram a irradiar que tinham sidos os tutsis e neste dia começou a matança, que já vinha sendo planejada a meses. O genocídio durou mais de 3 meses até que tropas tutsis vindas de países vizinhos derrubaram os golpistas. Neste período quase 1 milhão de pessoas foram assassinadas, a maior parte à foice e machado.

A ONU tirou o corpo de fora.Desarmou os soldados que faziam a proteção da primeira ministra,
Agathe Uwilingiyimana que assumiu no lugar do presidente morto. 10 capacetes azuis da ONU foram chacinados juntos com ela. E a ONU o que fez ? Mandou retirar o restante... dos europeus. Os ruandeses foram deixados à mercê dos seus algozes. Nos corredores da diplomacia o massacre era desdenhado como "uma briga de negros".

Coronel Théoneste Bagosora condenado à prisão perpétua em dezembro de 2008, quase 15 anos depois. Criou as infames "milícias de auto-defesa" e foi acusado diretamente pela morte dos capacetes azuis belgas. Deveria ter fugido para o Brasil e pedido asilo político, que,claro, teria sido concedido. Era só ter contratado um advogado "cumpanheiro" por alguns milhões de reais. O problema aqui é só com boxeadores cubanos. ah ah

Pelo menos 2 imensas chacinas dentro de igrejas :
1 - NTARAN A 30 KMS de Kigali, com 5000 mortos
2 - Igreja de Nyamata , 10 mil mortos.

Existe uma terrível acusação que em alguns massacres de igrejas, padres católicos e pastores protestantes reuniram os fiéis dentro das igrejas e depois foram chamar as mílicias para passar todo mundo no facão. Por exemplo, Dr. Gerard Ntakirutimana, 45, médico missionário que exercia a medicina no hospital pertencente a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, foi condenado por genocídio e por crimes contra a humanidade e sentenciado a 25 anos de prisão, pelo tribunal da ONU.

O genocídio foi planejado dentro do governo e as armas distribuídas foram compradas com dinheiro para o desenvolvimento do país que tinham vindo do FMI e do Banco Mundial (que, evidentemente, não tinham idéia da chacina em andamento.)

BOM LIVRO SOBRE O MASSACRE :
" Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias", Histórias de Ruanda, de Philip Gourevitch, Companhia de Letras.

FILMES :
" HISTÓRIA DE UM MASSACRE",2007, um testemunho do genocídio em Ruanda (nome original do livro e do filme :"Trocando apertos de mão com o diabo"). A versão de Romeo Dallaire, oficial canadense, chefe das forças da ONU em Ruanda. diretor Roger Spottiswoode.
" HOTEL RUANDA" ,2004, de Terry George, com Don Cheadle e Nick Nolte.
"TENSÃO EM RUANDA",2006, título original " Um domingo em Kigali ". de Robert Favreau. do livro de Gil Courtemanche.
" ABRIL SANGRENTO ", 2005, " Em algum tempo em abril", do diretor haitiano Raoul Peck.
e dezenas de documentários que reprisam sempre nos canais pagos.
" TIROS EM RUANDA , 2005,( Shooting dogs = atirando em cachorros), está passando nos canais pagos. Deve sair em DVD em breve. A história de um padre e um professor, no meio da chacina.Feito pelo BBC de Londres. Terá um comentário especial nesta série aqui do blog.

A humanidade não deveria esquecer esta tragédia. Quem poderia evitar não o fez (a ONU e outros organismos internacionais). E nada impede que se repita em outros lugares, se o mundo não conhecer, compreender, rejeitar e punir os crimes.