domingo, 16 de agosto de 2009

Fred Astaire

"Uma surpresa que os livros de Gilda nos reservam é que se tenha dedicado a fazer um estudo do gestual de Fred Astaire. Parco na camuflagem -o preto e branco da casaca com cartola- o dançarino tampouco chama a atenção para o corpo, que não aspira a ser mais do que o suporte para a beleza do gesto, "pura, livre, autônoma e descarnada".

SUA COREOGRAFIA DELINEIA O SONHO DA FELICIDADE NUM UNIVERSO PARALELO, REGIDO PELA HARMONIA, ONDE NÃO VIGORAM BRUTALIDADE E FEIÚRA.

E fica para o leitor a lição da ousadia intelectual de Gilda, que selecionou um objeto de estudo inesperado e sem estatuto, para dele EXTRAIR A BELEZA DA REFLEXÃO."

Walnice Nogueira Galvão, em O tapete afegão.

"Ele é o grande dançarino da vida moderna. Nele, o gesto aparece em toda sua beleza e simplicidade, mas com naturalidade e reserva, como, de seu lado, a voz canta sem querer chegar ao grito. Fred Astaire não pretende vencer a gravidade, nem realizar o milagre de Nijinski atravessando o palco com um salto. No seu mundo não há passes de mágica nem sustos. É UM MUNDO HARMONIOSO QUE ELE NÃO DESAFIA E AO QUAL ADERE, POIS NÃO SE TRATA DE VENCÊ-LO, E SIM DE TRANSFIGURÁ-LO."

"Fred Astaire é um dos poucos gênios artísticos do século XX e foi bom que não fosse bonito, como Robert Taylor, Clark Gable, Gary Cooper ou Tyrone Power, porque, SENDO COMO ERA, MANTEVE-SE GESTO, GESTO PURO, GRAÇA PURA, ARTE PURA, LIBERTANDO-SE DOS CACOETES DA MOCIDADE PARA SE TORNAR NA DANÇA UM DESENHISTA, UM DANÇARINO GRÁFICO, PURO ARABESCO SEM COR."

Gilda de Mello e Souza

Gilda de Mello e Souza