quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Federico Garcia Lorca


"Na Espanha, os mortos são mais vivos do que os mortos de qualquer outro país do mundo."

Um canal de TV pago está exibindo o filme "O DESAPARECIMENTO DE GARCIA LORCA", de mais de 10 anos atrás. Que eu saiba nunca apareceu no Brasil em DVD, VHS ou TV. Foi baseado em 2 livros de Ian Gibson, um dos maiores historiadores do assunto Lorca. Direção de Marcos Zurinaga. Andy Garcia faz Lorca, com competência mas sem conseguir o impossível: reproduzir um personagem inquieto e multiforme, como era o poeta espanhol.
O roteiro é romanceado através de um garoto que assiste um recital de Lorca e o encontra nos bastidores. Lorca pergunta-lhe: Quantos anos você tem? Ele: 14. E Lorca, então com 34 anos: E eu também. A família do garoto Ricardo é obrigada a se exilar pela Guerra Civil Espanhola.
Alguns anos depois Ricardo volta à Granada, terra de ambos, para pesquisar as cirscunstâncias do assassinato do poeta pelos fascistas do General Franco. Como a Espanha ainda está sob domínio fascista, ele corre riscos, enquanto colhe dados e especula sobre esta morte que foi um símbolo da selvageria sanguinária da Guerra Civil.

Tenho antiga e persistente idolatria pela pessoa e pela poesia de Lorca. Qualquer coisa que fale do assunto me interessa. Foi um personagem ímpar na história humana. De um lugarejo pobre nos confins da miserável Espanha do início do século XX surge uma literatura engajada na arte popular da melhor qualidade, com rebeldia e múltiplas facetas (desenhava bico de pena, compunha parte das músicas das suas peças teatrais. Peças de teatro como Bodas de Sangue e A Casa de Bernarda Alba estão entre o melhor que a literatura do mundo já fez.). Foi amigo -e talvez amante- do genial maluco do Salvador Dali. Apesar de ter morrido aos 36 anos, deixou uma obra colossal em quantidade e qualidade.